O câncer de próstata é uma condição que pode impactar significativamente a saúde cardiovascular, especialmente em estágios avançados. O oncologista Carlos Dzik destaca que, em comparação a tumores como os do pâncreas ou pulmão, que podem progredir rapidamente, o câncer de próstata muitas vezes apresenta um curso mais prolongado. Isso permite que os problemas cardíacos se tornem mais evidentes ao longo do tratamento, que pode durar dez anos ou mais com terapias hormonais.
Após o diagnóstico, o tratamento do câncer de próstata pode envolver cirurgia, terapias focais ou radioterapia. No entanto, se o câncer retornar ou houver risco de recorrência — situação que, segundo Dzik, é mais frequente em pacientes com obesidade —, a abordagem geralmente adotada é a terapia hormonal. Essa terapia visa reduzir os níveis de testosterona no organismo, essenciais para o crescimento do tumor, e é comumente referida como castração química.
É importante ressaltar que o tratamento hormonal pode induzir à síndrome metabólica, conforme alertado pelo cardiologista Fabrício Borges. Essa consequência é particularmente preocupante para homens que já possuem histórico de problemas cardíacos. A diminuição dos níveis de testosterona não só resulta em perda de massa muscular, mas também pode causar desânimo, levando o paciente a uma diminuição da atividade física e, consequentemente, ao ganho de peso.
A prática de exercícios físicos, focados na manutenção da musculatura, torna-se crucial para aqueles que estão em tratamento hormonal. Repor testosterona durante o tratamento do câncer de próstata não é recomendável, pois o objetivo é exatamente reduzir essa substância no organismo. Além disso, homens saudáveis não devem buscar a reposição de testosterona na esperança de prevenir problemas cardíacos, pois essa abordagem é infundada. Se a testosterona não estiver em níveis deficientes, seu uso não traz benefícios para a saúde do coração.
Em resumo, a relação entre câncer de próstata e saúde cardiovascular é complexa e exige um acompanhamento cuidadoso para minimizar riscos e garantir o bem-estar dos pacientes. Adotar hábitos saudáveis e manter uma rotina de exercícios são fundamentais para gerenciar os efeitos colaterais dos tratamentos e promover uma melhor qualidade de vida.