domingo, 06 de outubro de 2024

Desigualdade salarial: mulheres ganham 20,7% menos que homens em mais de 50 mil empresas

Um estudo recente revelou que as mulheres recebem, em média, 20,7% a menos que os homens em 50.692 empresas com 100 ou mais funcionários no Brasil. As informações são do 2° Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios, apresentado nesta quarta-feira (18) pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego, com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2023.

O relatório aponta um aumento na disparidade salarial em relação ao primeiro relatório, divulgado em março, que indicava uma diferença de 19,4%. Segundo o Ministério das Mulheres, essa elevação é atribuída à criação de 369.050 postos de trabalho para homens e 316.751 para mulheres no último ano.

A ministra Cida Gonçalves destacou a prioridade da igualdade salarial entre gêneros e sua discussão em fóruns internacionais, como o G20 e a ONU. Ela ressaltou que as mulheres chefiam 50,8% dos lares brasileiros, mas continuam a receber menos pelo mesmo trabalho. “É preciso mudar a mentalidade da sociedade sobre o papel das mulheres, que não são meros complementos de renda”, afirmou.

Os dados do relatório revelam que, em empresas com 100 ou mais empregados, os homens ganham em média R$ 4.495,39, enquanto as mulheres recebem R$ 3.565,48. Para as mulheres negras, a situação é ainda mais crítica: elas ganharam, em média, R$ 2.745,26, apenas 50,2% do salário dos homens não negros.

O estudo também identificou que as mulheres em cargos de direção e gerência ganham 27% a menos que seus colegas masculinos, e 31,2% a menos em cargos de nível superior.

A secretária-executiva adjunta do Ministério do Trabalho, Luciana Nakamura, reforçou que a legislação já garante igualdade salarial desde 1943 e que a nova política visa conscientizar as empresas sobre a necessidade de promover essa igualdade.

O 2° Relatório foi lançado no Dia Internacional da Igualdade Salarial, instituído pela ONU, que alertou que, no ritmo atual, levará 300 anos para alcançar a igualdade de gênero no trabalho. A representante da ONU Mulheres para o Brasil, Ana Carolina Querino, destacou a urgência de acabar com a discriminação contra mulheres para garantir igualdade de oportunidades.

A análise ressalta a necessidade de ações efetivas para reduzir a disparidade salarial e promover um ambiente de trabalho mais igualitário.

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