A tensão entre os países da Europa e a Rússia aumentou significativamente após a declaração do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o uso do arsenal nuclear da França como parte de um esforço para fortalecer a defesa do continente. Durante uma cúpula extraordinária em Bruxelas, os membros da União Europeia (UE) apoiaram um plano de rearmamento em resposta à situação no leste europeu. A Rússia, por meio do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que não participará de uma corrida armamentista e se concentrará em proteger seus próprios interesses.
Reações de Moscou
O presidente russo, Vladimir Putin, criticou Macron indiretamente, fazendo referência ao passado militar da França, mencionando que há pessoas que desejam reverter os acontecimentos históricos. Ele se referiu à invasão da Rússia pelas tropas napoleônicas em 1812, que resultou em uma retirada desastrosa.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, foi mais enfático em suas críticas, comparando Macron a figuras históricas que desejavam a guerra com a Rússia, como Napoleão e Hitler. Ele argumentou que as declarações de Macron sobre o uso de armas nucleares são, na verdade, uma ameaça à Rússia. Lavrov advertiu que o envio de tropas europeias para a Ucrânia configuraria uma “guerra direta” entre a Rússia e a OTAN, o que teria consequências graves.
Posição da União Europeia
No encerramento da cúpula, Macron chamou Putin de “revisionista” e “imperialista”, destacando que a Rússia representa uma ameaça à segurança da Europa. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descreveu a situação como um “momento decisivo” e enfatizou a necessidade de fortalecer a defesa da Ucrânia.
A União Europeia está disposta a investir até 800 milhões de euros em rearmamento, embora não haja um cronograma definido. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, expressou gratidão pela solidariedade europeia e destacou a importância de fortalecer as capacidades defensivas da Ucrânia e de toda a Europa.
Implicações para a segurança europeia
Analistas, como Petro Burkovsky, veem as reações da Rússia como uma tentativa de intimidar a França e impor condições antes de qualquer negociação para um acordo de paz. Segundo Burkovsky, a estratégia de rearmamento na Europa é clara e mostra a necessidade de os países se prepararem para defender sua soberania.
O professor Olexiy Haran apontou que a política imprevisível de Putin e a propaganda russa influenciam a segurança dos países europeus. Ele alertou que os europeus devem se preparar para um possível ataque da Rússia e que a proposta de Macron de usar o arsenal nuclear pode ser vista como uma forma de garantir a segurança do continente.
A situação atual reflete um aumento significativo nas tensões entre a Europa e a Rússia, evidenciado pelas recentes declarações e ações de ambos os lados, que buscam fortalecer suas posições enquanto se preparam para um futuro incerto.