Benny Shelter, um brasileiro de 51 anos, viveu experiências intensas ao tentar entrar nos Estados Unidos, resultando em sua deportação em duas ocasiões em um período de apenas três meses. Após ser deportado no último dia 7 de fevereiro, o mineiro retornou ao Brasil sob circunstâncias que o levaram a refletir sobre a situação dos imigrantes.
Deportado duas vezes em menos de 90 dias
Shelter, natural de Frei Gaspar no Vale do Mucuri, revela que, apesar das algemas durante o voo de volta ao Brasil a partir de Alexandria, ele não se deixou intimidar. Para ele, a travessia clandestina pela fronteira com o México foi um desafio que não o assustou. Em agosto do ano passado, ele foi preso pela primeira vez ao tentar entrar nos EUA e, apesar de ter pago cerca de 25 mil dólares (aproximadamente R$ 144 mil), suas tentativas de recomeço acabaram frustradas.
O retorno após a deportação transformou-se em um ciclo repetitivo. Shelter conta que, em dezembro, resolveu tentar novamente a travessia, seguindo as orientações do coiote. No entanto, ao chegar ao aeroporto, foi detido novamente, resultando em mais 59 dias de prisão.
Os desafios da imigração
O mineiro argumenta que a busca por melhores condições de vida, como um salário significativamente mais alto no setor de construção civil nos EUA, o motivou a arriscar tudo novamente. Ele ressaltou os desafios enfrentados por imigrantes em busca de oportunidades, especialmente sob o governo Trump, que já prometeu endurecer as políticas de imigração.
Segundo Shelter, as experiências na travessia clandestina moldaram sua visão sobre o processo de imigração. Mesmo tendo enfrentado dificuldades, ele expressa que as vivências e as pessoas conhecidas durante essas jornadas foram enriquecedoras. No entanto, ele também reconhece que as condições sob a presidência de Trump se tornaram mais difíceis.
O retorno e acolhimento no Brasil
Ao chegar de volta ao Brasil, Shelter foi recepcionado em Belo Horizonte, junto a outros 111 repatriados, onde se deparou com um sistema de acolhimento por parte do governo. Eles receberam assistência em forma de alimentos, água e itens de higiene. Em entrevista, Shelter destacou a importância de retornar ao seu país e mencionou o desejo de ser tratado dignamente, ressaltando diretrizes mais humanitárias do governo brasileiro, tal como mencionadas pela ministra dos Direitos Humanos.
Com um histórico de idas e voltas, Shelter já havia morado por anos nos EUA sem visto. Apesar dos desafios enfrentados, ele ainda acredita em novos começos, embora tenha afirmado que não faria o mesmo sob a administração de Trump, enfatizando que a situação dos imigrantes está mudando e precisa de um tratamento mais justo.
A situação da imigração entre Brasil e EUA é complexa e continua a gerar debates, especialmente em um ambiente político que se altera com frequência. As experiências de Shelter revelam as experiências de muitos brasileiros que buscam oportunidades e enfrentam barreiras significativas na busca por uma vida melhor.