A maioria dos líderes partidários da Câmara dos Deputados optou por adiar a votação da urgência do projeto de lei que propõe anistia a condenados pela tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023. O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou a decisão após uma reunião com o colégio de líderes.
Durante o encontro, foi decidido que o tema não entraria na pauta da próxima semana, visando a busca por um consenso entre os diversos setores políticos. Motta ressaltou que a definição da agenda de votações é prerrogativa do presidente e que o diálogo contínuo é essencial para encontrar uma solução.
A oposição, que havia conseguido reunir 264 assinaturas para acelerar a análise da urgência do projeto, pressiona pela apreciação imediata. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou que exigem acesso ao texto do projeto antes de decidir sobre a pauta.
Questões em debate
Sóstenes confirmou que o PL está disposto a reformular o conteúdo do projeto, visando a correção de penas para aqueles que depredaram patrimônio público, especificamente em relação aos eventos de 8 de janeiro. A nova proposta difere da versão anterior discutida na Comissão de Constituição e Justiça, que abrangia anistias a manifestações em outras datas e locais.
Apesar dos desafios enfrentados, Cavalcante elogiou o início de um consenso em torno da revisão das penas aplicadas pelo STF, considerando-o um avanço significativo para a proposta de anistia.
Prioridades do governo
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a proposta de anistia não é uma prioridade neste momento. O foco do governo será a tramitação de projetos que visam isenções tributárias e a constituição de uma comissão referente à Proposta de Emenda à Constituição da Segurança Pública.
Guimarães alertou que, embora injustiças na aplicação de penas devam ser revisadas, não se pode conceder anistia a aqueles envolvidos na organização e execução de atos contra a democracia.
Contexto da tentativa de golpe
A Procuradoria-Geral da República denunciou a tentativa de golpe como um esforço para anular as eleições de 2022, incluindo ameaças ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros líderes nacionais. Os envolvidos negam as alegações, ressaltando a gravidade da situação política em que se encontram.