Bryan Lanza, assessor do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em entrevista neste sábado (9) que a principal prioridade do novo governo será “restabelecer a paz” na Ucrânia, e não necessariamente restaurar os territórios perdidos, como a Crimeia. Em uma conversa com a BBC, Lanza explicou que o governo de Trump pedirá ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, uma “visão realista para a paz” no conflito com a Rússia.
“O que falaremos para a Ucrânia é: o que você vê como uma perspectiva real para a paz? Não é uma visão para vencer, mas uma visão para a paz. Vamos começar a ter uma conversa honesta”, declarou Lanza. Ele sugeriu que, se Zelenskiy insistir em recuperar a Crimeia, o governo dos EUA considerará que ele não está “sério” sobre o processo de paz. “A Crimeia já era”, disse o assessor, acrescentando que se a prioridade do presidente ucraniano for retomar a península com o apoio de soldados norte-americanos, ele estará “por sua conta”.
A Rússia anexou a Crimeia em 2014, após uma revolta na Ucrânia que levou à fuga do então presidente pró-Moscou. Desde a invasão russa em 2022, as forças de Moscou mantêm o controle de cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia. Zelenskiy, por sua vez, tem insistido que a paz só será possível se todas as forças russas forem retiradas, e que todos os territórios ocupados, incluindo a Crimeia, sejam devolvidos. O presidente ucraniano também tem buscado a adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que tem sido um ponto de tensão com a Rússia.
Durante sua campanha presidencial, Trump afirmou que encontraria uma solução para o conflito em “um dia”, embora não tenha detalhado como pretende alcançá-la. Recentemente, ele e Zelenskiy mantiveram uma conversa telefônica, na qual também participou o bilionário Elon Musk, conforme relatos da imprensa.
A postura de Trump e seus assessores sobre a guerra na Ucrânia, especialmente em relação à questão da Crimeia, deve ser um dos pontos centrais da política externa de seu novo governo, gerando expectativa sobre como ele equilibrará a busca por uma solução diplomática com a pressão das potências ocidentais para apoiar a Ucrânia.