A Organização Mundial da Saúde, OMS, vai criar um Conselho Acelerador de Vacinas contra a Tuberculose.
A meta é promover o licenciamento e uso de novos imunizantes eficazes contra a doença. De acordo com a agência, a medida impulsionaria patrocinadores, agências globais, governos e usuários a identificar e superar as atuais barreiras.
Prioridade
Para o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, uma das lições essenciais da resposta à Covid-19 é que as intervenções de saúde inovadoras podem ser mais rápidas com prioridade política e fundos.
No Fórum Econômico Mundial, em Davos, Tedros lembrou que existem pelo menos 16 vacinas em desenvolvimento esperando aprovação.
O chefe da OMS enfatizou que muitas já existiam antes da pandemia. A diferença entre os ensaios de vacina contra a Covid-19 e contra tuberculose, é que o mundo se concentrou em encontrar uma vacina para a atual crise, o que acelerou a adoção do imunizante contra o coronavírus. Quanto à tuberculose, ele defendeu que muita coisa ficou atrasada. Após a BCG, licenciada há 100 anos, não surgiu outro imunizante.
Para ele, assim como aconteceu com a Covid, será necessário um compromisso real e renovado e urgência para que uma vacina contra a tuberculose possa ser aprovada.
Acelerar estudo de novo imunizante
O chefe da agência disse que os desafios apresentados pela tuberculose e pela Covid-19 são diferentes, mas os elementos sobre ciência, pesquisa e inovação são os mesmos: investimento público urgente, apoio da filantropia e engajamento do setor privado e das comunidades.
A OMS destaca que a epidemia da tuberculose não mostra sinais de desaceleração, mesmo com compromissos para erradicação até 2030. Entre eles estão os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a Estratégia Acabar com a Tuberculose da OMS e a declaração política de 2018 sobre a luta contra a doença.
No Fórum de Davos, Tedros pediu solidariedade para a busca de uma vacina a ser demonstrada como uma questão de humanidade. Ele alertou para os riscos da tuberculose multirresistente e disse que os países mais riscos devem ajudar a travar o problema.
Milhões de novos casos de tuberculose
A doença que matou 1,6 milhão de pessoas dentre mais de 10 milhões de casos confirmados, em 2021, foi a mais fatal depois da Covid-19.
A agência defende que em 25 anos, uma vacina com 50% de eficácia na prevenção da doença entre adolescentes e adultos poderia evitar até 76 milhões de novos casos de tuberculose.
Essa realidade impediria 8,5 milhões de mortes, 42 milhões de ciclos de tratamento com antibióticos e que fossem gastos US$ 6,5 bilhões em custos de famílias afetadas, especialmente para as mais pobres e vulneráveis.
Já um imunizante com eficácia de 75% poderia evitar até 110 milhões de novos casos e 12,3 milhões de mortes por causa da tuberculose.