A pseudociese, conhecida popularmente como gravidez psicológica, é um distúrbio que ocorre quando a mulher tem certeza de que está grávida, mesmo com os exames médicos mostrando o contrário.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), estima-se que a cada 22 mil gestações no mundo, ao menos uma é psicológica.
A psiquiatra Danielle H. Admoni explica que, geralmente, as mulheres acometidas pela pseudociese têm histórico de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão.
Mulheres que passaram por traumas como a perda de um filho, abusos sexuais, histórico de aborto espontâneo e pressão do parceiro ou de familiares para engravidar também podem desenvolver o distúrbio, assim como as que têm dificuldade para engravidar ou são inférteis.
“Vale lembrar que a gravidez psicológica não é uma invenção da mulher, pois ela realmente acredita estar grávida. Muitas vezes, a pseudociese é a válvula de escape que o cérebro encontrou para lidar com as adversidades psicológicas. Portanto, julgamentos só irão agravar o transtorno. A família deve dar apoio, conforto e acompanhar o tratamento psicológico, até para entender melhor a condição e saber como lidar com o quadro”, ressalta Admoni.
De alguma forma ainda inexplicada pela ciência, o cérebro reage aos estímulos provocados pelas mudanças do estado emocional, desregulando a produção hormonal. As funções endócrinas, corticais e hipotalâmicas trabalham juntas no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, resultando nos sintomas de uma gravidez real.
As pacientes param de menstruar, sentem náuseas e enjoos matinais, têm desejos alimentares, sonolência, apresentam crescimento e dor nos seios, aumento de apetite, produção de leite nas mamas (causado pelo aumento do hormônio prolactina) e distensão abdominal (cerca de 60 a 90% das pacientes com pseudociese podem mostrar crescimento da barriga).
Algumas mulheres chegam a sentir os movimentos do bebê, as dores e as contrações do parto. E mesmo sem haver o nascimento, elas insistem que filho vai aparecer em algum momento, podendo esperar por tempo indefinido.
O ginecologista e obstetra Carlos Moraes explica que esse distúrbio é classificado como transtorno somatoforme, ou seja, quando os sintomas físicos não têm uma base médica contestável.
“Mesmo com os resultados negativos, muitas mulheres não ficam convencidas de que a gestação não é real. Nesses casos, cabe ao ginecologista indicar um tratamento psicológico para identificar a origem do transtorno e tratar a causa. Também pode ser preciso intervenção com medicamentos hormonais para regularizar a menstruação e encerrar a produção de leite”, afirma.