O advogado Paulo Cunha Bueno, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), declarou em entrevista à GloboNews que o verdadeiro beneficiário de um golpe de Estado seria uma junta militar e não Bolsonaro. Segundo ele, as Forças Armadas teriam traído o ex-presidente ao se envolverem na tentativa de golpe.
Afirmações sobre a junta militar
Durante a entrevista, Bueno afirmou:
“Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do Plano Punhal Verde e Amarelo, e nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro. Não tem o nome dele lá, ele não seria beneficiado disso. Não é uma elucubração da minha parte. Isso está textualizado ali. Quem iria assumir o governo, se dando certo esse plano terrível, que nem na Venezuela chegaria a acontecer, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo”
Documentos e investigações
Um documento relacionado a Fernandes, ex-secretário-executivo da Presidência durante o governo Bolsonaro, indicava a intenção de assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, mencionando envenenamento ou uso de substâncias químicas. Na operação da semana passada, Fernandes, três militares das Forças Especiais do Exército e um agente da Polícia Federal foram presos por supostas ligações com a trama golpista.
Implicações para Bolsonaro
Um relatório apontou que Bolsonaro e outras 36 pessoas poderiam enfrentar penas somadas de até 28 anos de prisão, sob a acusação de conhecimento sobre o plano para assassinar Lula, seu vice e um ministro da Suprema Corte. O advogado Bueno refutou essas alegações, afirmando que Bolsonaro não tinha conhecimento da suposta trama assassina.
Reação do ex-presidente
Bueno destacou que a traição partiu dos militares, uma vez que Bolsonaro não apoiaria a implementação do golpe. O advogado também opinou que o ex-presidente não tinha a obrigação de relatar a tentativa de golpe. Em relação à possibilidade de prisão, Bueno considerou injustificado tal desfecho, enfatizando a necessidade de um julgamento imparcial.
“O que eu espero em primeiro lugar é que meu cliente seja julgado pela corte competente, por juízes imparciais e não por desafetos pessoais. Isto é o mínimo que alguém acusado, eventualmente, tem o direito de ter”
Comunicações nas redes sociais
Após o anúncio de seu indiciamento, Bolsonaro usou suas redes sociais para criticar as investigações e o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito. Ele afirmou que poderia esperar “nada de uma equipe que usa criatividade para denunciá-lo” e acusou Moraes de conduzir o processo de maneira inadequada.
Declarações sobre o golpe
Em uma coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira, Bolsonaro negou ter discutido a possibilidade de um golpe de Estado, afirmando que sempre buscou soluções dentro da lei. Ele também ressaltou que “ninguém dá golpe com um general da reserva e meia dúzia de oficiais”, e que a palavra golpe “nunca esteve” em seu dicionário, afirmando ser possível resolver os problemas do Brasil dentro dos limites constitucionais.