domingo, 13 de outubro de 2024

Pesquisadores que abriram caminho para vacina contra Covid-19 ganham Nobel de Medicina: ‘Salvaram milhões de vidas’

A bioquímica húngara Katalin Kariko e o cientista americano Drew Weissman ganharam o Prêmio Nobel de Medicina pelas suas descobertas na tecnologia do RNA mensageiro que abriram caminho à produção de vacinas contra a Covid-19.

Os dois cientistas foram laureados “pelas descobertas relativas às modificações das bases nucleicas que permitiram o desenvolvimento de vacinas eficazes contra a Covid-19”, anunciou o júri do Instituto Nobel nesta segunda-feira, (02).

“As vacinas salvaram milhões de vidas e preveniram doenças graves em muitas mais”, destacou o órgão.

Pela láurea, os cientistas vão receber 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 5 milhões). Os pesquisadores descobriram que o RNA mensageiro com base modificada poderia ser usado para bloquear a ativação de reações inflamatórias e aumentar a produção de proteínas quando é entregue às células.

Eles publicaram os seus resultados num artigo de 2005 que recebeu pouca atenção na época, mas lançou as bases para desenvolvimentos “extremamente importantes que serviram à Humanidade durante a pandemia da Covid-19”, afirmou o Nobel.

Como funciona o RNA mensageiro

Embora alvo de pesquisas há mais de 30 anos, a tecnologia de RNA mensageiro (RNAm) parecia ainda distante de se tornar realidade. Porém, com a pandemia e o investimento nunca antes visto na História das vacinas, vieram duas conquistas inéditas para a área: os primeiros imunizantes com a tecnologia inovadora a serem aprovados e aplicados em larga escala, e a produção de vacinas desenvolvidas em tempo recorde, em menos de um ano.

As altas expectativas que envolvem o RNA mensageiro se dão por alguns fatores. O primeiro deles é a forma de atuação. Basicamente, trata-se de um código com instruções para que as células do corpo produzam determinada proteína.

Pesquisadores de tecnologia mRNA em vacinas ganham Nobel de Medicina — Foto: Reprodução

No caso das vacinas da Covid-19, em vez de o imunizante introduzir o vírus inativado ou uma parte dele para que o sistema imunológico produza as defesas, o RNAm utiliza o próprio organismo como “fábrica” da proteína S do coronavírus, que então é lida pelo corpo para produzir as células de defesa e anticorpos.

Além do amplo potencial, as vacinas de RNAm demonstraram eficácia superior aos modelos convencionais e um potencial para fabricação com menor custo. Isso porque, pela plataforma ser sintética, e não envolver vírus vivos, não exige, por exemplo, um laboratório de biossegurança.

Além disso, podem ser desenvolvidas e adaptadas de forma mais rápida, o que possibilitou que os imunizantes da Covid-19 tivessem os testes clínicos iniciados menos de seis meses após o Sars-CoV-2 ter sido descoberto na China, em 2019.

Nesta semana, o Instituto Nobel anuncia os premiados nas áreas de Física (terça-feira), Química (quarta-feira), Literatura (quinta-feira) e Paz (sexta-feira). O anúncio dos laureados no campo das Ciências Econômicas está marcado para dia 9.

*Com informações do jornal O Globo

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