Durante a terceira noite de protestos após a morte de um adolescente em Nanterre, cerca de 667 pessoas foram presas na madrugada da quinta-feira, 29, para esta sexta-feira, 30 na França.
Os protestos são por conta do assassinato do adolescente Nahel M, de 17 anos baleado no momento em que tentava fugir de uma blitz policial, na última terça-feira, 27.
O ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, divulgou esse número em uma mensagem através de sua conta no Twitter e o vinculou às instruções “firmes” que havia dado.
Para tentar evitar que os tumultos se repetissem, Darmanin ordenou a mobilização de 40.000 agentes. Ele ainda enfatizou que policiais e bombeiros tiveram que “enfrentar uma violência incomum”. Boa parte dos detidos têm entre 14 e 18 anos e 249 agentes das forças de segurança ficaram feridos, sem gravidade.
O epicentro dos protestos, mais uma vez foi a cidade de Nanterre, na periferia de Paris. A onda de violência chegou à capital, onde houve saques a lojas no bairro Les Halles, no centro da cidade.
Diversas cidades da Ile-de-France, os prefeitos decretaram toque de recolher que vigorará até o final da semana.
Élisabeth Borne, primeira-ministra francesa, esteve nesta manhã em Evry para verificar os estragos causados nesta cidade da periferia de Paris junto com o ministro Darmanin, comentou que os autores destes atos são “indivíduos muito violentos” e “muito jovens” que “não são representantes dos moradores”.
O policial responsável pelo tiro que matou o adolescente Nahel M. passou sua primeira noite na prisão de Santé, em Paris, sob a acusação de homicídio culposo, da qual seu advogado já anunciou que pretende recorrer.
Protestos alcançam a Bélgica
Os protestos devido à morte do adolescente Nahel M. também aconteceram na Bélgica. A polícia de Bruxelas, capital do país, deteve nesta sexta-feira, 64 pessoas, a maioria menores de idade. Do total de detidos, 48 são menores, segundo informações da polícia de Bruxelas.
Macron pede “responsabilidade” aos pais
Também nesta sexta-feira, 30, o presidente da França, Emmanuel Macron, pediu “responsabilidade” aos pais para que seus filhos não participem dos protestos que afetam as várias cidades do país.
“Peço responsabilidade aos pais para que os filhos fiquem em casa”, afirmou Macron ao final de uma reunião da célula de crise
interministerial criada para responder aos tumultos que sacodem a França há três noites.
Macron justificou seu apelo aos pais argumentando que um terço das pessoas detidas são menores e também instou as plataformas que gerem as redes sociais a assumirem sua cota de responsabilidade.
“As redes sociais têm um papel considerável. Vimos que ali foram organizados motins (…) Nas próximas horas vamos organizar-nos com as plataformas para controlar os conteúdos mais sensíveis”, destacou.
Macron também anunciou que os departamentos franceses “mais afetados” pela violência cancelarão seus eventos festivos até novo aviso.
“Há uma instrumentalização inaceitável da morte de um adolescente”, lamentou o chefe de Estado, que garantiu que a resposta do governo “tem sido reativa e adaptada” em todo o território.
Nesta terceira noite de manifestações violentas, quase 900 pessoas foram detidas e cerca de 300 agentes das forças de segurança ficaram feridos.