Anunciada pelos talibãs nesta terça-feira, 4, à Organização das Nações Unidas (ONU) a total proibição do trabalho realizado pelas mulheres afegãs no país. A organização descreveu que tal proibição é “inconcebível” e “inaceitável”.
Através do porta-voz Stéphane Dujarric, a ONU procura entender mais sobre a decisão dos talibãs, mas ao que se indica a proibição se estende por todo o Afeganistão, diferente do que foi anteriormente relatado, que seria uma proibição apenas para uma província.
Em sua entrevista coletiva diária na cidade de Nova York, Dujarric explicou que o anúncio oficial teria chegado, primeiramente, na província oriental de Nangarnhar, onde atuam a Unama (na sigla em inglês), Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão. E depois repassado à ONU, por vários canais, que o veto valeria para todo o país.
A ONU já avalia o impacto, pois sem as mulheres a organização não poderá continuar suas atividades no país. Estão marcadas para quarta-feira, 5, reuniões em Cabul com as “autoridades de fato” do país, para esclarecer detalhes sobre a medida de proibição.
Dujarric afirmou, na coletiva diária, que “As mulheres do nosso quadro são essenciais para que as Nações Unidas prestem uma ajuda vital”, ainda destacou a violação “dos direitos fundamentais das mulheres”, que é uma “preocupante tendência de minar a capacidade das organizações de ajuda humanitária de alcançar os mais necessitados” e recordou que “dadas as sociedade e a cultura” do Afeganistão, “as mulheres são necessárias para ajudar outras mulheres”, em referência a outras regiões que é malvisto homens atenderem mulheres, ou vice-versa.
As mulheres representam entre 30% e 40% da equipe das organizações humanitárias, nas mais diversas funções. Dujarric revelou que há cerca de 4 mil pessoas trabalhando no Afeganistão, sendo 3,3 mil nativas do país, englobando homens e mulheres.
Em dezembro de 2022, o Talibã havia proibido que mulheres trabalhassem em ONGs nacionais e internacionais, podendo apenas aquelas que eram contratadas por ONGs das áreas de alimentação e educação. Além das funcionárias da ONU que ainda podiam trabalhar.