quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Pnuma aponta cinco soluções alternativas contra pressão sobre ecossistemas

A atividade humana está levando 1 milhão de espécies de plantas e animais à extinção, mas mais da metade do Produto Interno Bruto, PIB, mundial depende da natureza.

Neste guia, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, analisou os cinco principais impulsionadores da perda da natureza, identificados pelo recente Relatório de Avaliação Global da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, Ipbes.

Um lago dentro da Floresta Amazônica dentro da cidade de Manaus, Brasil.

Um lago dentro da Floresta Amazônica dentro da cidade de Manaus, Brasil.

Mudanças no uso da terra e do mar

O maior fator de perda da biodiversidade é como as pessoas usam a Terra e o mar. Isso inclui a conversão de coberturas de terra, como florestas, pântanos e outros habitats naturais para usos agrícolas e urbanos.

Desde 1990, cerca de 420 milhões de hectares de floresta foram perdidos devido à conversão para outros usos da terra. A expansão agrícola continua a ser o principal fator de desmatamento, degradação florestal e perda de biodiversidade florestal.

O sistema alimentar global é o principal impulsionador da perda de biodiversidade, com a agricultura sozinha sendo a ameaça identificada de mais de 85% das 28 mil espécies em risco de extinção.

A colheita de materiais como minerais do fundo do oceano e a construção de vilas e cidades também impactam o ambiente natural e a biodiversidade.

Reconsiderar a forma como as pessoas cultivam e consomem alimentos é uma forma de reduzir a pressão sobre os ecossistemas. Terras agrícolas degradadas e em desuso podem ser ideais para restauração e a ajudar a proteger e restaurar ecossistemas críticos, como florestas e pântanos.

A restauração de habitats naturais pode ajudar a enfrentar as crises climáticas e de biodiversidade.

A restauração de habitats naturais pode ajudar a enfrentar as crises climáticas e de biodiversidade.

Alterações Climáticas

Desde 1980, as emissões de gases de efeito estufa dobraram, elevando as temperaturas médias globais em pelo menos 0.7º C. O aquecimento global já está afetando espécies e ecossistemas em todo o mundo, particularmente os ecossistemas mais vulneráveis, como recifes de corais, montanhas e ecossistemas polares. Há indícios de que os aumentos de temperatura, induzidos pelas mudanças climáticas, podem ameaçar até uma em cada seis espécies em nível global.

Ecossistemas como florestas e pântanos representam estoques de carbono globalmente significativos. Sua conservação, restauração e sustentabilidade são fundamentais para atingir as metas do Acordo de Paris. Ao trabalhar com a natureza, as emissões podem ser reduzidas em até 11,7 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente por ano até 2030, mais de 40% do que é necessário para limitar o aquecimento global.

Poluição

A poluição, inclusive de produtos químicos e resíduos, é um dos principais impulsionadores da biodiversidade e da mudança do ecossistema, com efeitos diretos especialmente arrasadores nos habitats marinhos e de água doce. As populações de plantas e insetos estão diminuindo como resultado do uso persistente de inseticidas não seletivos altamente perigosos.

A poluição plástica marinha aumentou 10 vezes desde 1980, afetando pelo menos 267 espécies animais, incluindo 86% das tartarugas marinhas, 44% das aves marinhas e 43% dos mamíferos marinhos. A poluição do ar e do solo também está aumentando.

Globalmente, a deposição de nitrogênio na atmosfera é uma das ameaças mais sérias à integridade da biodiversidade global. Quando o nitrogênio é depositado em ecossistemas terrestres, pode ocorrer uma cascata de efeitos, muitas vezes resultando em declínios gerais da biodiversidade.

Reduzir a poluição do ar e da água e gerenciar com segurança produtos químicos e resíduos é crucial para enfrentar a crise da natureza.

Manguezais protegem a natureza dos desastres naturais, agindo como barreiras contra as ondas de tempestades e inundações, impedindo a erosão.

Pnud Cuba/Manglar Vivo Project

Manguezais protegem a natureza dos desastres naturais, agindo como barreiras contra as ondas de tempestades e inundações, impedindo a erosão.

Exploração direta dos recursos naturais

O recente relatório do Ipbes sobre o uso sustentável de espécies selvagens revela que o uso insustentável de plantas e animais não ameaça somente a sobrevivência de 1 milhão de espécies em todo o mundo, mas também os meios de subsistência de bilhões de pessoas que dependem de espécies selvagens para alimentação, combustível e renda.

Segundo os cientistas, interromper e reverter a degradação de terras e oceanos pode evitar a perda de 1 milhão de espécies ameaçadas de extinção. Além disso, restaurar apenas 15% dos ecossistemas em áreas prioritárias melhorará os habitats, reduzindo assim as extinções em 60% ao melhorar os habitats.

Espera-se que as negociações na COP15 se concentrem na proteção de plantas, animais e micróbios cujo material genético é a base para medicamentos e outros produtos que salvam vidas. Essa questão é conhecida como acesso e repartição de benefícios regida por um acordo internacional – o Protocolo de Nagoya.

Os delegados da COP15 analisam como comunidades marginalizadas, incluindo povos indígenas, podem se beneficiar de uma economia de subsistência – um sistema baseado no fornecimento e regulação de serviços de ecossistemas para necessidades básicas. Por meio de sua conexão espiritual com a terra, os indígenas desempenham um papel vital de proteção como guardiões da biodiversidade.

As florestas cobrem 93% do território do Suriname e são ricas em biodiversidade

As florestas cobrem 93% do território do Suriname e são ricas em biodiversidade

Espécies invasivas

Espécies exóticas invasoras, EEI, são animais, plantas, fungos e microorganismos que entraram e se estabeleceram no ambiente fora de seu habitat natural. Elas têm impactos devastadores na vida vegetal e animal nativa, causando o declínio ou até a extinção de espécies nativas e afetando negativamente os ecossistemas.

A economia global, com o aumento do transporte de mercadorias e viagens, facilitou a introdução de espécies exóticas em longas distâncias e além das fronteiras naturais. Os efeitos negativos dessas espécies sobre a biodiversidade podem ser intensificados pelas mudanças climáticas, destruição do habitat e poluição.

As EEI contribuíram para quase 40% de todas as extinções de animais desde o século 17, onde a causa é conhecida.

Enquanto isso, as perdas ambientais causadas por pragas introduzidas em países como Austrália, Brasil, Índia, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos são estimadas em mais de US$ 100 bilhões por ano.

As espécies exóticas invasoras são uma questão global que requer cooperação e ação internacional.

Prevenir o movimento internacional dessas espécies e a detecção rápida nas fronteiras é menos custoso do que o controle e a erradicação.

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