Na data de hoje, 7 de setembro, dia em que o Brasil celebra 201 anos de Independência, diversas cidades pelo país comemoram realizando o tradicional Desfile Cívico-Militar. Milhares de cidadãos vão às ruas assistir ao desfile que é apresentado pelo Exército, Marinha, Aeronáutica, forças estaduais de segurança e estudantes de diversas escolas.
Mas você sabe como surgiu o Desfile Cívico-Militar? A reportagem do MovNews conversou com o professor e historiador Walace Bonicenha para entender a origem da tradição.
“O Desfile Cívico-Militar surge em comemoração à conquista da Independência e era realizado no Rio de Janeiro, então capital Federal e nas capitais do estado, uma tradição exportada do modelo europeu que tinha o desfile como exaltação a independência.”
O professor conta que foi por volta de 1920, no período pós-guerra que o Desfile Cívico-Militar começou a fortalecer a demonstração do poder bélico.
“Isso acontece muito em função do período pós-guerra, em que as nações tinham uma certa necessidade de mostrar que detinham material bélico. Mais a frente, nas década de 1930 com o período Getúlio Vargas, nós vamos ter uma nacionalização da tradição, muito em função das políticas nacionalistas de expansão que acontecem em todo território internacional e nacional. É nesse período que começa a participação mais ativamente dos sindicatos, escolas e da população geral”.
Ainda segundo o professor e historiador, a tradição se expande nacionalmente em 1949, quando o 7 de setembro é oficializado como feriado nacional.
“A tradição do Desfile Cívico-Militar se expande mesmo pelo país na década de 1940, quando o presidente Eurico Gaspar Dutra promulga a data do 7 de setembro, como feriado nacional do Dia da Independência”.
No contexto da ditadura o aspecto bélico e nacionalista se fortalece ainda mais. Mas na contramão desse período vem o processo de Redemocratização do Brasil, outro ponto da história na qual a tradição do desfile cívico-militar passa por mais transformações.
“É no período da Redemocratização que a tradição começa a ser pensada em outros moldes. Interessante perceber a estrutura dos desfiles escolares que refletiam a divisão existente na sociedade. Você tinha nos carros alegóricos, fantasiados de D.Pedro I e Leopoldina, sempre quem tinha mais poder de posse, depois nas bandas a classe média e nos chamados pelotões meninos e meninas que precisariam de um patrocínio. As escolas que não conseguiam formar um pelotão, fantasiavam os alunos de índios ou escravizados para também participarem”.
De 1822 aos dias de hoje, a tradição do Desfile Cívico-Militar passou por muitas transformações. Foi de desfile em defesa da Independência, passando por demonstração bélica, fortalecimento do aspecto nacionalista, até a participação popular representando a divisão social. Para o professor, todas essas transformações são importantes para que seja feita uma reflexão sobre o 7 de setembro atualmente.
“É importante trabalhar o 7 de setembro como unidade, como um momento de construção de paz, fortalecendo uma cultura de diálogo e não de guerra. São ações que já têm sido feitas muito pelos movimentos sociais, um exemplo é o Grito dos Excluídos que sai em todo 7 de setembro”.
Grito dos Excluídos
O Grito dos Excluídos é um conjunto de manifestações populares que ocorrem no Brasil, desde 1995, na semana e no Dia da Independência do Brasil, em 7 de Setembro, que representa a luta daqueles que foram invisibilizados. As manifestações ocorrem em paralelo ao desfile cívico-militar.
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