A internet está tão intimamente ligada com a vida das pessoas que é até difícil separar o que é real do que é falso. Nesse cenário, os aplicativos de relacionamento se tornaram verdadeiras arenas para pessoas mal intencionadas que procuram desde golpes financeiros a crimes contra a integridade física das pessoas.
A delegada Natalia Tenório trabalha na Gerência de Proteção à Mulher da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp). Ela fala que é comum pessoas se utilizarem desses ambientes para aplicar golpes amorosos, se aproveitando da carência e da fragilidade das vítimas.
“É comum que pessoas mal intencionadas criem perfis falsos utilizando fotos de outras pessoas para atrair o ‘match’ (encontro) e a partir disso aplicar golpes. Isso tem sido muito comum em aplicativos de relacionamento. Essas pessoas pegam uma foto de alguém que é atraente, que sabidamente não terá dificuldade em manter as interações, usam a foto, se passam pela pessoa e começam a fazer a manipulação através da conversa, inclusive para pedir dinheiro”, relata.
Ela detalha ainda que na maioria dos casos a conversa acaba evoluindo e parte para o sentido financeiro. “O criminoso diz que está sem condições e que precisa de empréstimo. Não é prudente passar dinheiro em interações virtuais. Muitos criminosos estabelecem relações com pessoas que estão carentes e acabam dando verdadeiros golpes”, analisa.
“Nunca entregar informações pessoais”
Natalia Tenório fala ainda que, quando uma pessoa entra no aplicativo de relacionamento, é importante que ela saiba que aquele não é um ambiente para troca exagerada de informações.
“Então é importante nunca entregar informações pessoais, tais como número de CPF e RG, por exemplo. São informações que não fazem sentido estarem em uma conversa de uma interação social e que, muitas vezes, os criminosos pedem e algumas pessoas, confiando demais, entregam”, analisa.
Outras informações como endereço da residência e onde trabalha também são informações que não devem ser compartilhadas nesse momento da interação. De acordo com ela, o compartilhamento desses dados acaba deixando a pessoa vulnerável diante de uma situação desconhecida.
Médico é assassinado a facadas no Norte do ES
O médico Aloísio Vieira Silva, de 29 anos, foi assassinado a facadas dentro do próprio apartamento no centro de Montanha, no Norte do Espírito Santo, no dia 25 de março de 2023. O suspeito, preso horas depois, confessou o crime e disse que conheceu o médico em um aplicativo de relacionamento.
Ele ainda afirmou que foi o primeiro e único encontro entre os dois. O caso acendeu o alerta nas autoridades: o cuidado ao marcar um encontro pela internet e em aplicativos de relacionamento.
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Chamada de vídeo
A delegada explica que a chamada de vídeo é uma das medidas de precaução que deve sempre ser atendida. “Se o papo está avançando, está dando vontade de encontrar, o interesse está aumentando, faça uma chamada de vídeo para ver se de fato aquela é a pessoa que se apresenta ser. Caso a pessoa apresente resistência, isso é um motivo para se desconfiar”, ressalta.
Cuidados na hora do encontro
Os riscos sempre vão existir e nem mesmo a tomada de todas as precaução podem ser o suficiente. A delegada lista algumas das principais medidas que devem ser tomadas no momento do encontro.
- Primeiro de tudo: sempre marcar o encontro em local público. Sempre. E não é só no primeiro encontro. É importante que os primeiros encontros sejam em locais públicos. Estamos falando de uma pessoa ‘desconhecida’. As vezes nos surpreendemos negativamente com pessoas do nosso convívio, imagina com alguém que não conhecemos.
- Segundo: Utilize transporte próprio. Não é seguro aceitar que aquela pessoa passe na sua casa com o carro para dar uma carona. Isso é extremamente arriscado.
- Uma terceira medida é compartilhar a informação que está saindo com ‘fulano de tal’, no ‘horário tal’ com pessoas próximas a você. Mande foto, compartilhe a informação. Chegou ao local? Compartilhe a localização, também é uma medida importante.
Além dos pontos listados acima, Natália Tenório afirma que em alguns casos dialogar mais pode ser a solução para escapar de um golpe.
“É importante que as pessoas deem um tempo mínimo para essa interação. Conversar um pouco mais. Conhecer mais. Se a vítima resiste um pouco mais e conversa um pouco mais, ela deixa de ser a presa fácil. E para uma pessoa que está querendo praticar crimes ou violar alguém de qualquer maneira, fisicamente ou no patrimônio, ela vai buscar uma vítima mais fácil”, finaliza.
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Golpe do amor: “Eles estabelecem relações com pessoas que estão carentes e acabam dando golpes”