domingo, 1 de dezembro de 2024

Mais de 202 mil acidentes com escorpiões foram registrados em 2023

A jornalista Ariane Póvoa, de 40 anos, viveu nesta semana uma experiência aterrorizante para qualquer mãe: precisou correr para o hospital com sua filha Amanda, de 1 ano e 4 meses, após perceber que a pequena havia sido picada por um escorpião enquanto estava no berço. “Ela acordou chorando muito, mas achei que fosse dente nascendo. Ela começou a falar ‘dodói’ e apontou para o braço. Quando arrumei o berço, encontrei o escorpião”, relatou Ariane.

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Após o susto inicial, Amanda recebeu atendimento e permaneceu em observação por seis horas, de acordo com o protocolo, embora seu quadro tenha sido considerado leve. “Graças a Deus, ela ficou bem, mas sentiu dor no local da picada”, contou Ariane, que teve dificuldade para encontrar atendimento pediátrico adequado na rede pública de Brasília. No mesmo dia, o hospital onde Amanda foi atendida registrou outros dois casos de picadas em crianças.

Esse tipo de acidente é cada vez mais comum no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, o país teve mais de 200 mil notificações de picadas de escorpião no ano passado, o maior número já registrado. O aumento de casos também trouxe um crescimento no número de mortes, que subiu de 92 em 2022 para 134 em 2023. Mortes por escorpião ultrapassaram até os óbitos por picadas de cobra, que totalizaram 133 no mesmo período.

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O que é um acidente escorpiônico?

O acidente escorpiônico é o envenenamento causado pela picada de um escorpião. No Brasil, quatro espécies são classificadas como perigosas:

– Escorpião-amarelo (T. serrulatus), encontrado em todo o país e com alto risco de gravidade
– Escorpião-marrom (T. bahiensis), comum no Centro-Oeste, Sudeste e Sul
– Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus), mais presente no Nordeste
– Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus), predominante na região Norte e responsável pela maior parte dos casos graves e fatais nessa área

Quem são as principais vítimas?

Pessoas entre 20 e 29 anos são as mais afetadas, seguidas por faixas etárias de 40 a 49, 30 a 39 e 50 a 59 anos. A maioria das vítimas é parda, seguida por brancas e pretas.

Onde os acidentes mais ocorrem?

A região Sudeste concentra o maior número de casos, com São Paulo liderando as notificações. A maioria dos acidentes acontece em áreas urbanas.

Local e gravidade da picada

Os pés e mãos são os locais mais atingidos pelas picadas de escorpião, e a maioria dos casos é classificada como leve. No entanto, a taxa de letalidade aumenta com o tempo de espera pelo atendimento. Quando o atendimento é realizado em até 12 horas após a picada, a taxa de letalidade é menor que 10%, mas para aqueles que demoram 24 horas ou mais, o índice pode chegar a 40%.

Sintomas mais comuns

Dor intensa, inchaço e, em alguns casos, sangramento no tecido subcutâneo são os principais sintomas relatados. Necrose também pode ocorrer em casos mais graves.

Curiosidades sobre os escorpiões

Os escorpiões possuem características peculiares que os tornam fascinantes. Eles têm uma cutícula que brilha sob luz ultravioleta, característica que facilita a visualização dos animais em ambientes escuros. Curiosamente, algumas espécies podem se reproduzir sem necessidade de parceiro, processo conhecido como partenogênese. Além disso, escorpiões do gênero Ananteris são capazes de se desfazer da cauda para escapar de predadores, o que eventualmente causa sua morte por acúmulo de fezes.

 

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