Em 2023, o Brasil registrou 672 mil pacientes em tratamento com cannabis medicinal, revelando um crescimento de 56% em relação ao ano anterior. A informação foi divulgada por meio do anuário produzido pela Kaya Mind. Este aumento destaca a crescente aceitação e utilização da cannabis como opção terapêutica no país.
O mercado de cannabis medicinal no Brasil movimentou R$ 853 milhões neste ano, evidenciando sua relevância econômica. Em comparação a 2022, quando o faturamento foi de R$ 699 milhões, houve um crescimento de 22%. A projeção aponta que o setor deve superar a marca de R$ 1 bilhão em 2025, o que demonstra uma tendência de crescimento robusto.
Os pacientes que utilizam cannabis estão distribuídos em cerca de 80% dos municípios brasileiros, conforme o relatório. A CEO da Kaya, Maria Eugenia Riscala, destacou que há atualmente mais de 2.180 produtos de cannabis medicinal disponíveis, adaptando-se a diversas necessidades dos pacientes. A crescente diversidade de opções reflete a integração cada vez mais esperada da cannabis na rotina médica no Brasil.
Com avanços na regulamentação da cannabis, como a recente autorização do Supremo Tribunal Federal para o cultivo da planta para fins medicinais, o Brasil vem se destacando no cenário internacional. Neste ano, 413 empresas estrangeiras exportaram produtos para o país, contribuindo para a diversidade de itens disponíveis no mercado local.
Entretanto, a maioria dos pacientes ainda enfrenta desafios no acesso aos produtos. Aproximadamente 47% dependem da importação, enquanto 31% recorrem a farmácias e 22% a associações, que desempenham um papel crucial para aqueles que não podem arcar com os custos dos tratamentos.
Jonadabe Oliveira da Silva, vice-presidente da TO Ananda, uma associação que oferece suporte a pacientes e familiares no Tocantins, observa uma mudança na percepção em relação à cannabis. Pacientes que antes eram estigmatizados agora estão se desassociando de preconceitos, à medida que compartilham suas experiências positivas com o tratamento.
A TO Ananda, que completou dois anos de atividades, tem colaborado com a Defensoria Pública e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e planeja futuras parcerias com laboratórios e instituições de ensino superior. Este crescimento tem inspirado Silva a considerar uma transição de carreira, passando do setor de beleza para o cultivo da cannabis medicinal e sua comercialização.