Ao menos um jornalista preso, o futuro presidente da Câmara de Vereadores de Vitória com mandado de prisão decretado, dois deputados estaduais obrigados a usar tornozeleira eletrônica e uma verdadeira devassa em computadores, documentos e armários de gabinetes e residências.
Esse foi o resumo do dia em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes usou de toda a sua autoridade para enquadrar os políticos de direita do Espírito Santo acusados de praticar ou incitar a prática de atos antidemocráticos, além de divulgar notícias e informações falsas.
O primeiro a ir para a cadeia foi o jornalista Jackson Vieira Rangel, que atua em um portal de notícias do Sul do Espírito Santo. Ele foi detido em Cachoeiro de Itapemirim e já deu entrada no sistema prisional. Rangel foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cachoeiro e seria transferido para a Penitenciária de Segurança Média 1, em Viana.
A operação, autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (15) em seis estados. No Espírito Santo, os mandados foram cumpridos em Vitória, Vila Velha, Serra, Guarapari e Cachoeiro. Os alvos são suspeitos de participação e organização de atos antidemocráticos.

O vereador de Vitória Armando Fontoura (Podemos) e presidente eleito da Câmara de Vereadores para 2023 é um dos alvos da operação que a Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira (15) no Estado e em outros cinco estados contra suspeitos de organizarem atos antidemocráticos.
Armandinho é alvo de um mandado de prisão e um de busca e apreensão. Mais cedo, agentes da Polícia Federal estiveram no gabinete do vereador, na sede do Poder Legislativo, e recolheram documentos e computadores. Ele não estava presente.
Deputados Estaduais
Os deputados estaduais Carlos Von (DC) e Capitão Assumção (PL) terão, por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, de usar tornozeleiras eletrônicas. Os dois deputados foram alvos de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (15) durante operação deflagrada pela Polícia Federal.
Agentes federais estiveram na Assembleia Legislativa nesta manhã e apreenderam computadores e outros documentos nos gabinetes dos dois parlamentares.
A Polícia Federal confirmou que entre as decisões está a “medida cautelar diversa da prisão” com a instalação de duas tornozeleiras eletrônicas. A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou, por nota, que recebeu o pedido para fornecer os equipamentos.

“A Secretaria da Justiça (Sejus) informa que recebeu o pedido para instalação de duas tornozeleiras eletrônicas nesta quinta-feira (15). A relação de nomes, no entanto, não foi expressa na solicitação, tendo em vista o caráter sigiloso da operação em curso”, disse a nota da Sejus.
Magno Malta
Entre outras medidas adotadas para reprimir as ações de seguidores de Jair Bolsonaro contra o processo eleitoral, no final da tarde dessa quarta-feira (14), também o TSE abriu processo contra o senador eleito, Magno Malta (PL), no âmbito da denúncia de que agiu para desacreditar o pleito e seu resultado. A investigação inclui também o presidente e alguns de seus aliados mais próximos. A confirmação do atos poderá torná-los inelegíveis.
A investigação atinge o ex-ministro e seu ex-candidato a vice-presidente, Walter Braga Netto; dois dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP); as também deputadas Carla Zambelli (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF); os deputados federais eleitos Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO).
O ministro Benedito Gonçalves, corregedor-geral eleitoral do TSE, aceitou pedido de investigação feito pela coligação Brasil da Esperança, pela qual Lula foi eleito presidente.
Segundo a solicitação, Bolsonaro e os aliados usaram as redes sociais para propagar narrativas que desacreditavam o sistema eleitoral brasileiro e, atuando juntos, amplificaram o alcance da desinformação e violaram a liberdade de pensamento, opinião e voto livre e consciente das pessoas.
Para a coligação de Lula, Bolsonaro “se valeu das prerrogativas de seu cargo público para a consecução dos citados objetivos em diversas ocasiões”. Entre os episódios citados estão a reunião com embaixadores, em julho deste ano, e o suposto uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para tentar obstruir a votação no dia do segundo turno da eleição.

“Os demais investigados, detentores de cargos parlamentares, teriam também abusado de seu poder político, empregado para manutenção desse poder ao custo da eliminação do ‘jogo democrático”, prossegue o texto do pedido.
Braga Netto é citado em outro processo, em que ele e Bolsonaro são investigados por possível prática de abuso de poder político e econômico. A coligação de Lula ressalta que o presidente e seu candidato a vice usaram a máquina pública para tentar influenciar na escolha dos eleitores.