terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Primeira morte por leptospirose confirmada no RS; especialista alerta para alta transmissão da doença em enchentes

Uma morte por leptospirose foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde, em Travesseiro, no Rio Grande do Sul, na última segunda (20), desde o início das enchentes no estado. Até o momento, já foram confirmados 19 casos da doença e registradas mais de 304 ocorrências ainda sem confirmação.

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Ao lado dos distúrbios respiratórios, a enfermidade é a mais preocupante em relação às doenças que podem se alastrar após a tragédia. As inundações propiciam a disseminação da leptospirose, que é transmitida através da exposição direta ou indireta à urina de animais, especialmente dos ratos, infectados pela bactéria Leptospira.

Para o Dr. Marcelo Bechara, médico cirurgião e clínico geral, a transmissão da doença ainda pode ser caótica no Rio Grande do Sul. “A leptospirose pode evoluir para uma forma mais grave e causar falência renal e/ou do fígado, levando a óbito. Não tem vacina para prevenir e é inevitável não ter contato com água ou superfícies contaminadas”, afirma.

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Segundo o especialista, a doença é oportunista, pois se aproveita  da baixa imunidade do indivíduo, ocasionada por diversos fatores: sono de má qualidade, má alimentação, estresse e contato com água suja por um grande período de tempo.

“Nestes casos, como prevenção, o ideal é a profilaxia, uso de remédios  para evitar ou atenuar possíveis doenças, principalmente aos pacientes que ficaram muito tempo embaixo d’água, engoliram água ou para os socorristas. A bactéria pode penetrar em um machucado, em uma lesão, por exemplo, e muito tempo em contato com a água diminui a barreira da pele. Na leptospirose, um dos primeiros sintomas é a  dor intensa e desconhecida. Menos graves, mas ainda assim arriscado, a paciente também fica extremamente suscetível a influenza, a Covid-19 e muitas outras”, explica Bechara.

Outras doenças

O momento é de cuidado com a saúde das vítimas, voluntários e socorristas. No início de maio, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Gaúcha de Infectologia (SGI) e Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) lançaram uma nota técnica recomendando a imunização para gripe, Covid-19, raiva, tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), hepatite B, tétano e febre tifoide.

“É uma situação complicada. Se não prevenir ou evitar, é importante tratar. Vão aparecer doenças de todas as formas e com mais facilidade. A hepatite pode ser contraída em contato com a água; nos abrigos, a proximidade das pessoas favorece a transmissão de Covid, gripe e infecções que passam por aerossóis. Fora os casos de pneumonia e infecções gastroenterites”, revela o Dr. Marcelo Bechara.

Para que a situação não se torne ainda pior, a população deve tomar algumas medidas. É preciso utilizar equipamentos de proteção individual (EPI ‘s) adequados durante a limpeza das áreas afetadas, assim evitando o contato direto com a água parada, usando botas e luvas impermeáveis. Além disso, é necessário manter uma boa higiene pessoal e atualização do calendário vacinal.

“Já temos um tratamento hospitalar complicado, essa situação vai impactar ainda mais. A população precisa ter cautela e precaução nas suas atividades, nos abrigos e durante o retorno para casa. Muito além, o governo precisa investir ainda mais na saúde pública regional para a prevenção, com vacinas e tratamentos prolongados no sistema de saúde. É necessária toda uma reconstrução, até mesmo quando toda  água abaixar”, enfatiza Bechara.

 

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Equipe de jornalismo

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