sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Blocos arrastam multidão com hits e manifestações pró-Lula

O pré-Carnaval de São Paulo mostrou sua força no domingo (12), com blocos e artistas de peso levando multidões às ruas antes do temporal que, desta vez, esperou para cair no final da tarde. Com mais gente acompanhando os principais cortejos de blocos, também ganharam força as manifestações políticas.

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A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais sobre Jair Bolsonaro (PL) foi lembrada em declarações de foliões e celebrada aos gritos em momentos de exaltação coletiva nos blocos. Igualmente festejada, a vacina contra a Covid-19 era apontada por muitos como a grande responsável por devolver à cidade os desfiles, interrompidos por duas edições por causa da pandemia.

Locomover-se chegou a ficar impossível em alguns momentos na rua da Consolação, onde um dos blocos mais aguardados do pré-Carnaval paulistano, o Acadêmicos do Baixo Augusta, fez o público se espremer.

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Trajes de todos os tipos compuseram o colorido espetáculo, mas o vermelho era predominante. Camisetas, saias, shorts e bonés em rubro intenso estavam por todo o lugar. Não por acaso, gritos de “Lula, Lula” foram entoados algumas vezes durante o percurso.

Ainda houve homenagens a figuras populares do país, como o Zé Gotinha, personificado pelo professor universitário Tiago Campos, 35. “O Zé Gotinha não morreu, tá vivíssimo e farreando com o povo que ajudou a vacinar”, disse.

O bloco apostou no ritmo do grupo Olodum para a sua festa. Famosas madrinhas e musas do bloco marcaram presença, como a atriz Alessandra Negrini e Márcia Daylin, primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo.

Durante o desfile, as cantoras Marina Sena, Tulipa Ruiz e Céu deram voz aos maiores hits da carreira de Gal Costa, morta no último ano, como “Chuva de Prata”, “Festa do Interior” e “Baby”.

Não foi só no Baixo Augusta que a política estava presente nas declarações dos foliões que conversaram com a Folha.

“O Carnaval é o momento em que precisamos para extravasar”, celebrou Vinícius Ulisses, 30. Morador de Itaquera, na zona leste, ele atravessou a cidade para, na ponta oeste da capital, festejar a volta do Carnaval de rua de São Paulo acompanhando o Bloco da Lexa. A cantora carioca levou seu funk para festa pré-carnavalesca na avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda.

No asfalto, alguns foliões descreveram o desfile como uma espécie de marco da superação do momento mais agudo da pandemia de Covid-19 e da mudança nos rumos da política no país.

Ulisses veio com um grupo de amigos. Todos fantasiados como líderes de torcida. Era uma homenagem ao amigo Lucas Smith, morto há sete meses, em decorrência da Covid-19. O desejo dele era brincar o carnaval vestido desta forma, contaram os amigos.

Para Guilhermina da Silva, 28, também de Itaquera, a chegada do Carnaval reafirmava que havia chegado “o ano da liberdade”, disse. “A gente abre o peito e vai. Eu, como uma mulher trans, estou livre novamente. Essa sensação me acompanha nos blocos porque sei que, lá na frente, estão me defendendo.”

“Antes, tinha medo de sair na rua. Hoje, sinto que recuperei a minha vida. No último Carnaval, saí muito menos porque o medo era maior. Mudou o presidente. Nossa realidade é outra e, graças a Deus, estamos livres”, completou Guilhermina.

Com o céu claro no início da tarde, o paulistano que resolveu botar a cara no sol teve a chance de acompanhar a estreia da cantora Maria Rita, com seu Bloco da Maria, na festa paulistana. Por volta do meio-dia, ela deu início à programação no Ibirapuera, palco já consagrado da folia brasileira.

“Estou tão feliz de estar aqui”, disse Maria Rita. “Vamos nos hidratar, respeitar. Não é não. Não vamos ficar passando a mão nas meninas nem nos meninos”, avisou.

De vestido longo, cinza perolizado, a cantora fez o público cair no samba. Público, diga-se, bastante diverso, com muitas famílias e crianças, inclusive bebês em carrinhos.

A mensagem de respeito e tolerância dos blocos também veio logo na abertura da apresentação do Monobloco, outra atração do carnaval no Ibirapuera.

“Eu peço licença para chegar. Para chegar, eu peço licença. Saravá para quem é de saravá. Bença para quem é de bênção”. Estava dado o recado para a festa dos blocos, que seguiu ensolarada e quente por toda a cidade.

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