sábado, 21 de dezembro de 2024

Angola atua com agências da ONU para salvar gado dos efeitos da seca

Angola atua com a Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, em parceria para mitigar os efeitos da seca prolongada que afeta a região sul.

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Cinco anos consecutivos de aridez já causaram a morte do gado, dizimaram colheitas e afetaram cerca de 1,6 milhão de pessoas.

Meios de subsistência e segurança alimentar

A atual seca, aliada à piora das condições climáticas, é considerada a responsável pelos maiores danos ocorridos na produção animal nessa região em 40 anos.

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A Cruz Vermelha considerou o cenário “catastrófico” para as pastagens e a produção de gado dos pequenos proprietários. Os meios de subsistência dos agricultores e a segurança alimentar do país foram abalados.

Na mais recente Assembleia Geral da ONU, Angola anunciou investimentos em infraestruturas económicas e sociais no sul. Uma delas é o Aqueduto na Província do Cunene. A obra beneficiou 350 mil angolanos, seu gado e sistemas de regadio.

No entanto, a Aiea destaca a grave escassez de água durante a estação seca de Angola. Cerca de 80% dos proprietários de gado da região, na maioria de pequena escala, percorrem grandes distâncias para encontrar pastos para os animais.

Risco de variações e mudanças climáticas

A nova iniciativa quer responder a uma realidade onde o sistema extensivo de criação e produção de gado depende fortemente do pastoreio em pastagens naturais em risco de variações e mudanças climáticas.

Em dois anos, a meta da cooperação técnica é desenvolver um sistema inteligente de gerenciamento de pastagens para o clima usando tecnologias nucleares e técnicas relacionadas.

Para o diretor do Instituto de Pesquisa Veterinária de Angola, Joaquim Ipanga Nganza,  o país e seus pequenos agricultores carecem de “soluções mais inteligentes para se adaptar a todas as variações e mudanças do clima”.

Sul de Angola sofre a seca mais grave dos últimos 40 anos no sul do país

© Unicef Angola/2019/Carlos Louzada

A solução é partilhada pelo líder do projeto e especialista em reprodução de gado no Centro Conjunto FAO/Aiea de Técnicas Nucleares em Alimentos e Agricultura.

Victor Tsuma defende o uso de recursos do projeto porque “oferecem vantagens substanciais sobre as técnicas convencionais e podem ajudar a projetar uma dieta balanceada para o gado com uma mistura de pastagens naturais e suplementos”.

Agricultura climaticamente inteligente

Uma das vantagens da nova iniciativa é o potencial de aumentar a produtividade do gado e estabelecer uma base para uma agricultura climaticamente inteligente em Angola.

O especialista disse ainda que o projeto usará “técnicas isotópicas de carbono estáveis e espectroscopia de refletância no infravermelho próximo para identificar o valor nutritivo das pastagens locais consumidas pelo gado”.

As formas não radioativas de átomos podem ter diversos aproveitamentos e avaliações. Aplicada a metodologia, os cientistas poderão medir as concentrações de isótopos estáveis nas plantas consumidas pelos animais e compará-las com amostras fecais para determinar o que tiver sido ingerido pelo gado.

Além disso,  o método que apoia o acompanhamento isótopos de carbono também pode prever o uso da matéria seca pelo gado e ajudar a desenvolver um perfil vegetal desse consumo.

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