Recentes avanços na área da medicina ocular têm demonstrado resultados promissores no tratamento de cegueira em pacientes com danos graves nos olhos. Técnicas inovadoras estão sendo desenvolvidas para oferecer esperança a pessoas que, até então, não tinham opções eficazes de recuperação.
Uma das principais dificuldades enfrentadas nos tratamentos tradicionais é a necessidade de biópsias do tecido saudável do olho, um procedimento invasivo que pode resultar em incertezas. Além disso, há o risco de rejeição imunológica nos transplantes convencionais, como aponta o oftalmologista Flávio MacCord, da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.
Em busca de soluções menos arriscadas, pesquisadores têm utilizado células-tronco pluripotentes induzidas como uma alternativa viável para os transplantes. Essa abordagem revolucionária se baseia nas descobertas de Shinya Yamanaka e John Gurdon, laureados com o Prêmio Nobel em 2012, que demonstraram a capacidade de reprogramar células maduras para um estado semelhante ao das células-tronco embrionárias. Este tipo de célula pode ser transformado em diversos tipos, incluindo aquelas necessárias para o tratamento da córnea.
Nesse contexto, os cientistas reaproveitaram células do sangue de doadores saudáveis, que foram reprogramadas e transformadas em uma fina camada de células epiteliais transparentes, destinadas a revestir a córnea dos pacientes. Durante a cirurgia, o tecido cicatricial presente na córnea danificada é removido, preparando a superfície para a nova camada de células.
Um aspecto importante desse procedimento é a colocação de uma lente de contato terapêutica sobre a córnea após a aplicação do enxerto, o que ajuda na proteção e na cicatrização da área tratada. Com esse tratamento, a necessidade de doadores compatíveis é eliminada, resultando em uma diminuição significativa do risco de rejeição imunológica.
Essas inovações não apenas oferecem novas esperanças para os pacientes com cegueira, mas também estabelecem um marco na pesquisa médica aplicada à oftalmologia.