quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Aumento da violência eleva risco de internação psiquiátrica em jovens

Um estudo conduzido pela Fiocruz Bahia em parceria com a Universidade de Harvard revelou que crianças, adolescentes e jovens de baixa renda que foram vítimas de violência enfrentam um risco cinco vezes maior de necessitar de internação psiquiátrica. A pesquisa destacou que, ao focar apenas nas crianças, esse risco se amplifica, alcançando sete vezes.

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As taxas de internação indicam um desvio acentuado entre jovens que sofreram violência interpessoal e aqueles que não foram vítimas. Para aqueles que viveram situações de violência, a taxa de hospitalização é de 80,1 por 100 mil pessoas por ano, em comparação com apenas 11,67 por 100 mil entre os não vítimas. Tais números expõem a gravidade da situação e a necessidade de intervenções eficazes na saúde mental desses jovens.

A pesquisa utilizou informações do Sistema de Informações Hospitalares e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, os quais registram todos os casos de violência física e psicológica no país desde 2011. O estudo abrangeu um período de 2011 a 2019, analisando dados de mais de 9 milhões de jovens de 5 a 24 anos, identificando aproximadamente 5,8 mil casos de internação relacionados a transtornos mentais.

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Lidiane Toledo, pesquisadora associada ao Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fiocruz Bahia, destacou que a notificação prévia de violência é um dos principais fatores associados ao aumento do risco de internação psiquiátrica em todas as faixas etárias. De acordo com a pesquisadora, as condições socioeconômicas desfavoráveis também contribuem para esse cenário alarmante.

Apesar de a internação psiquiátrica proporcionar suporte clínico necessário em casos severos, este processo está ligado a riscos adicionais, como autolesão, suicídio e reinternações. Além disso, a internação pode causar interrupções na educação e em outros aspectos da vida dos jovens afetados. A pesquisa enfatiza a importância de abordagens preventivas focadas na violência.

Lidiane Toledo recomendou programas voltados para a prevenção da violência, tanto nas escolas quanto nas comunidades e nas famílias. Tais iniciativas devem incluir instruções sobre habilidades parentais responsáveis e sociais, que auxiliem crianças e adolescentes a gerenciar emoções como a raiva e a resolver conflitos.

A pesquisadora também enfatizou a urgência de intervenções destinadas a quebrar o ciclo da pobreza, considerando que a experiência de violência é uma fonte significativa de estresse psíquico, especialmente nas fases iniciais da vida. O estudo sugere que o acolhimento imediato das vítimas deve ser complementado por um acompanhamento de longo prazo para tratar as repercussões da violência na saúde mental ao longo da vida.

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