A Penitenciária Estadual de Vila Velha 3 (PEVV3) realizou, na última sexta-feira (21), uma programação especial dedicada à religiosidade e à mudança de trajetórias por meio da fé. A rádio interna da unidade transmitiu um bate-papo musical com o depoimento do rapper cristão MC Anderson. A atividade integrou as celebrações do primeiro ano de funcionamento da Rádio Black e as ações do Dia da Consciência Negra.
As rádios internas do sistema prisional do Espírito Santo fazem parte do Programa de Ressocialização da Secretaria da Justiça (Sejus). Elas seguem uma grade padronizada com orientações e dicas sobre saúde, educação, legislação, direitos e cidadania, assistência religiosa e entrevistas com convidados de várias áreas.
O encontro foi conduzido pelo diretor da unidade, Allan Ribeiro da Silva, com a participação do diretor‑adjunto Vinicius Nogueira. A emissora homenageou o servidor penitenciário Wenderson Graciano Corrêa, conhecido como Black, que também esteve presente no bate‑papo.
A atividade comemorativa abordou, entre outros temas, o hip‑hop como expressão cultural e discutiu como o ritmo, associado à fé e à esperança, pode motivar recomeços.
Allan Ribeiro da Silva ressaltou que a presença do rapper e educador social MC Anderson, cuja história de superação e atuação no hip‑hop cristão é reconhecida, provocou grande efeito motivacional entre os ouvintes privados de liberdade. Segundo ele, a escolha do convidado e o contexto, o aniversário de um ano da Rádio Black coincidente com a Semana da Consciência Negra, reforçaram a representatividade do programa, sobretudo porque a rádio é uma homenagem ao chefe de segurança Black, servidor de origem africana.
Transformação pela fé e a música
Durante a conversa, o MC relatou sua jornada de mudança: “Usei drogas durante nove anos e consegui me livrar do vício do crack, inicialmente pelo desejo de transformar minha vida, pois a situação estava grave e afastei as pessoas que me amavam. Cheguei a perder o respeito e a confiança da minha família”, afirmou.
MC Anderson iniciou sua caminhada na música gospel em 2005, compondo e produzindo canções que valorizam a autoestima e a religiosidade dentro do universo do hip‑hop. Desde a adolescência, nos anos 1990, ele já participava da cultura hip‑hop, mas a dependência interrompeu essa trajetória.
“O hip‑hop sempre foi algo que me ajudou a manter a mente equilibrada. Contudo, o vício me tirou a alegria de cantar e compor. Quando ocorreu a conversão, a música deixou de ser visível no meu horizonte, mas senti no coração que poderia usar essa linguagem para falar de Deus, de salvação e de restauração”, contou o artista.
“Muitos que estão encarcerados podem pensar em desistir ou acreditar que não há chance de recomeço. Porém, enquanto houver vida, há fôlego. Dá para insistir, vencer e recomeçar. Sou a prova de que é possível cair e, com força de vontade e fé, reerguer‑se mais forte. Cada cicatriz virou uma medalha. Foi muito gratificante conhecer a unidade e ver um trabalho tão humanizado que busca oferecer oportunidades de recomeço aos internos”, disse MC Anderson.









