O Banco Central (BC) vai apresentar uma ferramenta inédita para reforçar a proteção do Pix. O recurso permitirá impedir a criação de novas chaves Pix em nome de uma pessoa, reduzindo a chance de fraudadores registrarem cadastros falsos vinculados a contas de terceiros.
A iniciativa integra um conjunto de ações do BC voltadas a conter fraudes e golpes digitais no sistema de pagamentos. O mecanismo será disponibilizado no Registrato, a plataforma do Banco Central para consulta de informações financeiras, e funcionará de forma similar ao serviço que bloqueia a abertura de contas em nome do titular.
Banco Central vai permitir bloqueio de novas chaves Pix para evitar fraudes
A funcionalidade será incorporada ao Registrato, sistema do BC que centraliza dados financeiros de cada cidadão, como contas ativas, operações de crédito e chaves Pix registradas.
Segundo o Banco Central, será possível ativar uma opção que impede a criação de novas chaves em nome do usuário, assegurando que só o titular possa autorizar um novo cadastro quando desejar. A medida pretende dificultar a ação de golpistas que confeccionam chaves fraudulentas associadas a informações de terceiros.
De acordo com Breno Lobo, chefe-adjunto do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do BC, o formato seguirá o mesmo padrão de outro serviço previsto para dezembro: o bloqueio da abertura de contas bancárias sem autorização do titular.
A proposta visa ampliar o controle do cidadão sobre o uso do seu nome no sistema financeiro e reduzir a chance de cadastros indevidos em contas conjuntas ou de empresas.
Trata-se de mais um passo do Banco Central no enfrentamento das fraudes no Pix. Em outubro, a instituição passou a bloquear automaticamente chaves sinalizadas como suspeitas e implementou um botão de contestação nos aplicativos bancários para agilizar a devolução de valores em transações fraudulentas.
Nos últimos meses, mais de 245 milhões de chaves foram removidas, segundo o BC, muitas delas por erros de digitação, falecimento do titular ou cancelamento a pedido do cliente.
Golpes no Pix ficam mais sofisticados e causam grandes prejuízos
O prejuízo médio causado por golpes no Pix registrou alta de 21% em 2025, aponta a empresa de inteligência financeira Silverguard. No primeiro semestre de 2025, a perda média por vítima foi de R$ 2,54 mil, ante R$ 2,1 mil no mesmo período do ano anterior.
O levantamento, que analisou mais de 12 mil denúncias, revela que quanto maior a renda e a faixa etária da vítima, maior tende a ser o valor subtraído. Indivíduos com mais de 60 anos apresentaram prejuízos médios superiores a R$ 4,8 mil, enquanto as classes A e B registraram perdas que chegaram a R$ 10,5 mil por ocorrência.
A pesquisa também identifica uma mudança no padrão dos crimes: mais de 65% das transferências fraudulentas têm como destino contas de pessoas jurídicas, o que indica uma atuação mais profissional e organizada por parte dos golpistas.
Para Marcia Netto, CEO da Silverguard e coordenadora da pesquisa, os dados apontam que os golpes digitais deixaram de ser ações amadoras e já constituem uma indústria criminosa altamente estruturada.
O estudo aponta ainda que o WhatsApp é o principal canal de origem dos golpes, seguido por Instagram e Facebook, e que o Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Banco Central foi acionado 7,7 milhões de vezes apenas no primeiro semestre.







