O adiamento do anúncio das medidas fiscais e econômicas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é interpretado por analistas como uma estratégia para facilitar a construção de consensos, evitando atropelos semelhantes aos ocorridos com o anúncio do aumento das alíquotas do IOF em maio.
Construção de consensos
Paulo Gama, analista político da XP, comenta que a reação ao ajuste do IOF gerou na classe política uma abertura para discutir medidas estruturantes. Ele acredita que essa pausa permite um tempo mais adequado para a maturação das propostas. Gama salienta que a decisão final sobre a aprovação das medidas ficará a cargo do Congresso Nacional.
Legitimação das ações
Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, aponta que a prorrogação do anúncio pode indicar um esforço para construir um respaldo que assegure o apoio necessário quando as ações forem reveladas. No entanto, Salto expressa incerteza sobre a extensão e a natureza das medidas propostas, destacando a importância de controlar os gastos obrigatórios, especialmente as emendas que se tornaram quase mandatórias.
Sem atropelos
Gama observa que a proposta inicial sobre o IOF não havia sido amplamente aceita. Atualmente, o enfoque é em uma discussão mais cautelosa, principalmente ao considerar medidas de longo prazo que demandam uma articulação mais abrangente. Ele menciona que a equipe econômica enfrenta dois desafios: de curto prazo, relacionado a possíveis revisões de outros pontos do decreto; e de médio a longo prazo, voltado para a elaboração do orçamento de 2026, que deve atender a uma meta ambiciosa de superávit de 0,25%.