O aumento de novas vagas de trabalho nos Estados Unidos em abril trouxe a expectativa de que uma recessão abrupta possa ser afastada. Os dados do Payroll, divulgados recentemente, indicam a criação de 177 mil novos postos fora do setor agrícola, superando as previsões de economistas, que estimavam entre 130 e 140 mil vagas. Embora o número tenha caído em relação aos 185 mil postos de março, essa nova estatística ainda aponta para um mercado de trabalho resiliente.
### Alta em diversos setores
Um destaque significativo foi o crescimento no setor de serviços, com 156 mil novas vagas, especialmente nas áreas de saúde, transporte e finanças. Além disso, o setor público também contribuiu, registrando um aumento de 10 mil vagas, contrariando as expectativas de estagnação devido às demissões nos últimos meses.
A combinação de educação e saúde gerou 70 mil novas posições, refletindo uma recuperação contínua após os efeitos da pandemia. Essa tendência positiva sugere que o mercado de trabalho se mantém firme, mesmo diante de incertezas políticas.
### Desemprego estável
Os dados demonstram uma média de criação de 150 mil empregos nos últimos três meses, mantendo a taxa de desemprego estável em 4,2%. A taxa de participação da força de trabalho alcançou 62,6%, o maior nível desde setembro, indicando um ambiente econômico em recuperação.
A cautela das empresas em relação a demissões reflete a escassez de mão de obra, apesar das pressões inflacionárias e das tensões comerciais. Embora os salários tenham crescido 0,2% ao mês, mantendo um aumento anual de 3,8%, isso ainda não acompanha completamente a criação de empregos.
### Sinais de cautela
Revisões nos dados anteriores resultaram na redução de 58 mil empregos, com ajustes estatísticos que, paradoxalmente, mostraram um acréscimo líquido de quase 400 mil postos. Apesar das correções, a expectativa é de que a próxima leitura de dados possa oferecer uma visão mais clara sobre a dinâmica do mercado de trabalho.
Economistas observam que a incerteza em torno das políticas tarifárias pode impactar negativamente os números futuros, embora não haja indicação imediata de um colapso econômico. O estudo de junho poderá trazer novas informações, mas, até lá, é possível notar alguns sinais discretos de desaceleração.
### Política de juros
Os dados reforçam a ideia de que o mercado de trabalho nos EUA permanece robusto, o que pode pressionar os preços, especialmente no setor de serviços. Isso impacta a inflação, que segue acima da meta de 2%, obrigando o Federal Reserve a considerar a manutenção das taxas de juros.
A incerteza em torno das políticas comerciais impede cortes imediatos nas taxas de juros, mesmo com os números positivos de inflação e emprego. Sem um acordo comercial claro e com a China mantendo uma postura firme, qualquer possível mudança nas taxas ainda depende de condições favoráveis no mercado de trabalho, especialmente no segundo semestre.