O combate à desigualdade na América Latina exige a atuação efetiva de estados e municípios, fundamentais para a conexão com os cidadãos. Nesse contexto, o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) apresenta um novo recurso que promete transformar o entendimento dos indicadores sociais na região.
Atlas interativo de indicadores sociais
A nova ferramenta, um atlas totalmente interativo, permite que usuários explorem 35 indicadores sociais e econômicos em 29 dos 33 países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Com dados coletados de censos nacionais, a plataforma reúne informações de 262 governos regionais e 18.236 governos locais.
Entre os indicadores disponíveis estão desemprego, acesso a água e saneamento, nível educacional, acesso à internet e dados demográficos. O atlas utiliza um mapa interativo em tonalidades de cores, permitindo ao usuário visualizar as variações desses indicadores nas diferentes regiões, com a opção de ampliar detalhes sobre localidades específicas.
Identificação de desigualdades regionais
De acordo com o CAF, essa ferramenta tem como objetivo ajudar os usuários a identificar desigualdades e variações no desenvolvimento nas áreas da América Latina e do Caribe. O mapa fornece uma visão profunda sobre como as características geográficas e demográficas se relacionam com os indicadores socioeconômicos.
Sergio Díaz-Granados, presidente-executivo do CAF, enfatiza que “o conhecimento do problema é essencial para enfrentar as desigualdades regionais”. Em 2021, o banco ampliou o capital dos países membros, focando na ampliação de crédito para estados e municípios.
Atuação do CAF nos governos locais
Atualmente, o CAF possui cerca de US$ 5 bilhões em projetos voltados a governos locais na América do Sul, sendo aproximadamente US$ 3 bilhões destinados ao Brasil. Este investimento é distribuído entre grandes e pequenos municípios, como São Paulo.
Relatório de Economia e Desenvolvimento
A CAF também lança a edição de 2025 do Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED), que examina a importância dos governos locais e regionais na redução da desigualdade e na realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. O relatório propõe cinco áreas prioritárias de ação:
1) Fortalecimento da institucionalidade fiscal, visando aumentar a arrecadação dos estados e municípios.
2) Melhoria da gestão urbana, com foco no planejamento do uso do solo e mobilidade sustentável.
3) Aumento da capacitação do funcionalismo local, promovendo a diversidade nas administrações.
4) Reforço das instituições de cooperação, como consórcios municipais e autoridades metropolitanas.
5) Maior digitalização nas esferas regionais e locais, investindo em infraestrutura e inclusão digital.
Urgência no envolvimento governamental
Díaz-Granados também salienta a necessidade urgente do envolvimento ativo de estados e municípios no desenvolvimento da região. O envelhecimento populacional e a migração para grandes centros urbanos geram preocupações com o esvaziamento de áreas menos densamente povoadas. Ele alerta que a América Latina enfrenta um “bônus demográfico” que está chegando ao fim, com consequências significativas para os governos locais.
Com iniciativas como o atlas e o RED, o CAF reafirma seu compromisso com a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos latino-americanos, promovendo o conhecimento e a ação efetiva nas regiões.