domingo, 06 de outubro de 2024

PIB deve mostrar crescimento de 3% em 2022 e desaceleração no 4º trimestre

A economia brasileira fechou 2022 com crescimento próximo de 3% no acumulado do ano, mas com resultado que mostra forte desaceleração no quarto trimestre do ano passado, segundo projeções de economistas do setor privado.

Os dados do PIB (Produto Interno Bruto) serão divulgados nesta quinta-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

As estimativas coletadas pela agência Bloomberg mostram crescimento de 3% no ano. Para o quarto trimestre, as expectativas vão de queda de 0,9% a crescimento de 0,4%, com mediana de -0,2%.

O número mais otimista para o último trimestre do ano é do Bank of America. O valor mais baixo, da agência de classificação de risco Austin Rating.

A pesquisa do Banco Central com economistas também aponta uma expectativa de crescimento de 3% no ano passado. Não há projeção para o resultado trimestre contra trimestre imediatamente anterior no boletim Focus.

O próprio BC projetou no seu Relatório Trimestral de Inflação de dezembro uma expansão de 2,7% no ano, com contração da agropecuária e crescimento da indústria e dos serviços. Para 2023, a autoridade monetária projetava na época crescimento de 1%.

Segundo a instituição, os números refletem a perspectiva de que a desaceleração da atividade econômica se consolide no quarto trimestre, sob influência da esperada desaceleração global e dos impactos da política monetária doméstica. A taxa básica de juros estava em 2% ao ano em março de 2021 e chegou aos atuais 13,75% ao ano em agosto de 2022.

Mauricio Nakahodo, economista sênior do Banco MUFG Brasil, projeta crescimento de 3% para o ano, com queda de 0,5% no quarto trimestre.

O ano passado foi marcado por um crescimento robusto no primeiro semestre, com surpresas positivas no mercado de trabalho, reabertura de atividades e deflação por conta da queda nos preços de combustíveis e energia, diz o economista.

Nakahodo afirma que a alta dos juros afetou o canal do crédito, principalmente a partir do segundo semestre, marcado também pelo aumento no endividamento das famílias, um mercado de trabalho com muitas vagas informais e inflação corroendo o poder de compra do consumidor.

Para 2023, ele espera crescimento de 0,8%, sendo que metade desse resultado se deve ao setor agropecuário.

“Todos esses fatores que já vinham afetando o crescimento no quarto trimestre do ano passado continuam pesando. Entramos o ano com juros elevados, a gente não espera uma geração forte de empregos formais, e a demanda doméstica não dá fôlego para o consumo das famílias e os investimentos. Um terceiro elemento é o risco de recessão nos EUA e Europa”, afirma o economista.

O FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) projeta um PIB estável no quarto trimestre, com queda de 0,7% na agropecuária e de 0,2% na indústria, e crescimento de 0,4% nos serviços, em relação ao trimestre anterior. Pelo lado da demanda, consumo das famílias e investimentos devem ficar próximos de zero.

“Voltamos a ver um movimento de crescimento no setor de serviços, mas uma desaceleração e até queda na produção e consumo de bens”, diz a instituição em seu Boletim Macro.

Para o ano fechado de 2022, a instituição projeta crescimento de 3%, com projeção de expansão de apenas 0,2% em 2023. “Se não fossem as projeções otimistas de crescimento do setor agropecuário para este ano, teríamos contração de 0,4%.”

O cálculo realizado pela equipe do Monitor do PIB-FGV aponta que a atividade econômica cresceu 2,9% em 2022, com retração de 0,2% no quarto trimestre, números em linha com as projeções coletadas pela Bloomberg.

O crescimento em 2022 foi influenciado principalmente pelo setor de serviços, que contribuiu com mais de 80% para o bom desempenho da economia, segundo Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.

Ela também destaca a desaceleração do crescimento ao longo do ano, devido aos patamares elevados de juros e de endividamento das famílias, que devem contribuir para a ligeira queda no quarto trimestre do ano.

Leia também: Em 2022, taxa de desemprego cai para menor nível desde 2015, diz IBGE

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