“Você canta “Evidências” ou vive o drama da música? Entenda o transtorno que transforma amor em negação”
O drama que vai além da música
Você conhece aquela música que diz “quando digo que deixei de te amar, é porque eu te amo”? Para algumas pessoas, Evidências não é só um clássico sertanejo — é um retrato doloroso do que vivem todos os dias.
Essa contradição de amar e negar, querer proximidade mas criar distância, tem nome na psiquiatria: transtorno de personalidade esquiva. E pode destruir relacionamentos.
Eduardo e Mônica, o ciclo que machuca
Eduardo, 53 anos e Mônica, 34, vivem um relacionamento de idas e vindas há três anos. Ele diz que quer distância, que “não quer nada sério”. Mas sempre volta. Está sempre presente ajuda com problemas, pergunta como ela está, sente ciúmes.
“Doutor, ele me diz que não me ama, mas age como se amasse. Quando tento seguir em frente, ele reaparece”, conta Mônica, exausta.
Eduardo repete: “Não quero compromisso. Me afasto para não magoá-la.” Mas não se afasta de fato. Apenas nega o óbvio.
Reconhece esse padrão em alguém próximo?
Esse relacionamento está fazendo mal aos dois. Mônica vive na incerteza, Eduardo na contradição. Ambos presos no ciclo que Evidências descreve, “Por isso eu me afasto e me defendo de você, mas depois me desespero e me entrego.”
Não são casos isolados. No consultório, vejo variações: a mulher que termina antes de se apegar “para não sofrer”. O homem que jamais diz “eu te amo”, com medo de parecer frágil. A jovem que sabota encontros com quem realmente gosta.
O medo disfarçado de proteção
O transtorno esquivo é marcado por uma contradição cruel: desejo profundo de proximidade e medo ainda maior da rejeição. A pessoa quer se entregar, mas o pavor de se tornar vulnerável a faz negar o sentimento.
Eduardo vive intensamente. Quer Mônica por perto, mas assumir vulnerabilidade, entregar-se ao risco do amor? Impossível. O verso da música captura seu terror: “Tenho medo de te dar meu coração e confessar que eu estou em tuas mãos.”
Entregar o coração, para ele, é perder o controle. Então ele finge que não entregou mesmo já estando nas mãos dela.
O preço dessa esquiva é alto: vínculos superficiais, amores interrompidos, solidão dentro do relacionamento. E todos mentem, “Ando com a cara de quem perdeu um amor, mentindo pra todo mundo, dizendo que vou bem melhor.”
Eduardo mente para Mônica. Mônica mente para si mesma. Ambos fingem que estão bem. Mas ninguém está.
As raízes do padrão
O transtorno esquivo está ligado a um estilo de apego inseguro. Experiências precoces de crítica, rejeição ou desvalorização criam esse padrão. A mente aprende a associar afeto a perigo.
No caso de Eduardo, experiências anteriores podem ter reforçado essa proteção que virou prisão para ele e para quem está ao seu lado. O que deveria ser escudo virou jaula.
É possível mudar?
Sim. A psicoterapia cognitivo-comportamental, de esquemas ou psicodinâmica ajuda a desafiar essas crenças. O trabalho terapêutico permite se expor gradualmente ao risco do afeto e descobrir que amar não é sinônimo de se perder.
Para Eduardo e Mônica, o primeiro passo é reconhecer o padrão. Ele precisa entender que sua esquiva não o protege multiplica o sofrimento. Ela precisa decidir se quer continuar esperando evidências que ele nega dar.
Música ou prisão?
Evidências virou clássico porque muita gente reconhece esse drama, ainda que nem todos vivam a intensidade paralisante do transtorno esquivo. A diferença é que, na música, há beleza na contradição. Na vida real de quem tem o transtorno, há principalmente dor.
A boa notícia? É possível transformar essa história. Com ajuda profissional, é possível trocar a negação pela coragem de viver o afeto. E descobrir que dizer “eu te amo” não é entregar-se ao inimigo é entregar-se à vida.
Você está apenas cantando as evidências ou vivendo prisioneiro delas?
Quando procurar ajuda
Procure um psicólogo se você:
– Evita relacionamentos por medo da rejeição
– Sente-se inadequado em situações sociais
– Interpreta críticas como ataques pessoais
– Só se relaciona quando tem certeza de ser aceito
– Vive ciclos de aproximação e afastamento que causam sofrimento
O primeiro passo é reconhecer o padrão. O segundo é pedir ajuda








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