Os medicamentos e produtos farmacêuticos lideram as importações do Brasil dos Estados Unidos em 2023. Inicialmente, esses itens não serão impactados pelas tarifas de Donald Trump sobre produtos brasileiros. Contudo, uma possível resposta do Brasil pode elevar os custos de medicamentos, incluindo aqueles para tratamento de câncer e doenças raras.
Em 2022, o Brasil importou cerca de US$ 10 bilhões em produtos médicos, como itens cirúrgicos, reagentes de diagnóstico, e equipamentos médicos, predominantemente dos Estados Unidos.
Preocupações sobre retaliações comerciais
A hipótese de uma retaliação brasileira às tarifas americanas preocupa o setor médico. De acordo com Paulo Fraccaro, CEO da Associação Brasileira de Indústria de Dispositivos Médicos, alternativas poderiam incluir a China, Índia e Turquia.
“Caso adotemos a reciprocidade, os custos desses produtos poderão aumentar em até 30%, obrigando o Brasil a buscar novas alternativas”, afirma.
Impactos nos medicamentos patenteados
O Brasil também depende de medicamentos patenteados, especialmente para doenças raras, dos quais os Estados Unidos são um dos principais fornecedores. Em uma guerra tarifária, esses remédios poderiam se tornar ainda mais caros no mercado brasileiro.
No primeiro semestre deste ano, o Brasil importou US$ 4,3 bilhões em medicamentos e produtos farmacêuticos de alto custo, um aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. A União Europeia lidera como fornecedora, seguida por Alemanha e Estados Unidos, ambos com 15% do fornecimento.
Produção nacional e insumos farmacêuticos
Enquanto a maioria dos medicamentos comuns, incluindo genéricos, são produzidos internamente, 95% dos insumos farmacêuticos são importados da China. Investir em pesquisa e desenvolvimento locais é visto como essencial.
“Temos capacidade e pesquisadores talentosos, que muitas vezes acabam no exterior. Devemos reter esses talentos e desenvolver nosso sistema interno para aumentar a soberania”, avalia Norberto Prestes, presidente-executivo da Abiquifi.






