O Brasil se prepara para receber a COP30, em novembro, num cenário de recorde de visitantes estrangeiros e alta procura por parques nacionais.
O país pretende aproveitar a ocasião para destacar o turismo como parceiro da conservação ambiental, da valorização das tradições culturais e do desenvolvimento econômico sustentável.
Segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), o setor deve movimentar US$ 167,6 bilhões no Brasil em 2025, o que equivale a 7,7% do PIB e gera 8,2 milhões de empregos.
Pesquisas indicam crescente demanda por práticas sustentáveis e por experiências que respeitem as culturas locais e beneficiem as comunidades anfitriãs, disse Luiz Del Vigna, diretor-executivo da Abeta (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura).
A estimativa prevê que o setor chegue a US$ 199 bilhões até o fim da década, reforçando a relevância do turismo na pauta climática da COP30, programada para novembro em Belém (PA).
Del Vigna destaca que este é um momento decisivo para posicionar o turismo brasileiro como referência de impacto positivo, aproveitando a biodiversidade e sua proteção como um ativo estratégico para o futuro.
Turismo na agenda climática
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas reunirá líderes mundiais, cientistas e representantes da sociedade civil na Amazônia. O turismo está previsto como tema já no primeiro dia; a COP30 ocorrerá de 10 a 21 de novembro.
O setor será tratado como um componente estratégico capaz de promover desenvolvimento sustentável.
Preparação para a COP30
O Ministério do Turismo promoveu em Santarém (PA) o evento “Diálogos para COP30”, destinado a debater programas federais que fortaleçam destinos turísticos e protejam as culturas locais. Especialistas, porém, afirmam que o governo ainda precisa de um plano robusto para inserir o turismo nas negociações climáticas.
A pesquisadora Jaqueline Gil, da Universidade de Brasília, avaliou que a influência do Brasil pode acelerar a integração das políticas de turismo às políticas climáticas, mas ressaltou a necessidade de um plano de ação liderado pelo governo, em parceria com a ONU e a sociedade civil.
Exemplos de turismo sustentável no Brasil
Como exemplo, a Fazenda São Jerônimo, na Ilha de Marajó, desenvolve turismo comunitário com ênfase em agroecologia, na cultura marajoara e na conservação ambiental.
A iniciativa figura entre as finalistas do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2025. Outro caso é o Parque Ecológico Rio Formoso, em Bonito (MS), que se tornou o primeiro atrativo turístico nacional a receber a certificação Lixo Zero.
O proprietário Bruno Leite Miranda explicou que a gestão de resíduos virou uma ferramenta de educação, inclusão social e transformação comunitária.
Passeio de barco na Ilha de Marajó (PA), Divulgação/Fazenda São Jerônimo
Legado esperado da COP30
Del Vigna acredita que a COP30 será uma vitrine global para demonstrar que conservação ambiental e turismo podem avançar de forma articulada.
É necessário assegurar que cada experiência turística gere efeitos positivos, preserve tradições, fortaleça comunidades e deixe um legado concreto, concluiu Del Vigna.








