A reação adversa que Mayara enfrentou não é rara. Segundo o endocrinologista Mário Saad, professor de clínica médica da Faculdade de Medicina da Unicamp e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Obesidade e Diabetes, cerca de 50% dos pacientes que usam canetas para emagrecimento podem apresentar diarreia e vômito.
O quadro pode ser o oposto em alguns casos, com o paciente ficando constipado; isso já prejudica a rotina de quem não tem comorbidade. Quando há comorbidades, o surgimento rápido de desidratação torna-se ainda mais alarmante.
Mário Saad, endocrinologista
Indicação terapêutica
As canetas destinam-se a pacientes com diagnóstico de obesidade que precisam perder peso para evitar complicações associadas à doença. Não se trata de procedimento estético, mas de uma prescrição médica. Uma pessoa com obesidade precisa reduzir o peso para diminuir o risco de doenças cardiovasculares, insuficiência renal crônica, doenças hepáticas e alguns tipos de câncer, esclarece Saad.
Oliveira chama atenção para a procedência dos medicamentos. Por serem produtos controlados, muitas pessoas acabam comprando as canetas por vias alternativas, o que é inseguro: pode tratar-se de fármacos falsificados, cuja composição irregular e origem duvidosa elevam o risco de comprometimento hepático e renal, além de reações adversas inesperadas.
As canetas não são o problema em si: o risco está no uso inadequado. Pelo contrário, representam um avanço significativo na medicina, e os profissionais da área acolhem essa opção terapêutica. Anteriormente havia poucas alternativas para tratar a obesidade, e resta apenas o lamento por não serem mais acessíveis devido ao custo elevado, aponta Saad.









