Luiz Augusto Maltoni, diretor-executivo da Fundação do Câncer, afirma que a alta proporção de diagnósticos em estágio avançado evidencia fragilidades no acesso ao diagnóstico e ao rastreamento do câncer colorretal no Brasil. Segundo ele, o deslocamento entre regiões afeta diretamente o tempo até o início do tratamento e a sobrevida dos pacientes.
Fatores de risco
O estudo também aponta associações significativas entre comportamentos de risco e a ocorrência da doença. Capitais com maior proporção de fumantes, como Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba e Campo Grande, apresentam igualmente altas taxas, o que reforça o tabagismo como fator de risco.
A obesidade surge como outro fator importante: Porto Alegre, Campo Grande, Rio de Janeiro e São Paulo, todas com prevalência de obesidade de 24% ou mais, estão entre as cidades com maior incidência.
Prevenção e recomendações
O epidemiologista Alfredo Scaff, coordenador do estudo, ressalta que a combinação de fatores como tabagismo e obesidade com as elevadas taxas de incidência evidencia que o câncer colorretal reflete as condições de vida da população. Scaff defende políticas de prevenção primária e ações contínuas de promoção de uma alimentação saudável e da prática regular de atividade física.
Rastreamento
Os dados também reforçam a necessidade de ampliar o rastreamento: quase 86% dos pacientes diagnosticados têm 50 anos ou mais. Para Scaff, o Brasil deveria migrar de um modelo oportunístico (quando o exame é realizado apenas se o paciente procurar o serviço) para um programa populacional, além de avaliar a redução da idade de início do rastreamento para 40 anos, como já ocorre nos Estados Unidos.
Perfil dos pacientes
O levantamento traça ainda o perfil dos pacientes: 47,7% têm apenas ensino fundamental; a maior proporção é de pessoas brancas (34,6%), seguidas por negras (30,9%). A cirurgia é o tratamento inicial mais frequente no país. As análises consideram dados dos Registros Hospitalares de Câncer entre 2013 e 2022.







