O estado de Minas Gerais confirmou, nesta sexta-feira (24), os dois primeiros casos de sarampo em 2025. As infecções envolveram duas meninas menores de quatro anos, residentes em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. As crianças foram atendidas na rede municipal de saúde e os exames que comprovaram os casos foram realizados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), por solicitação da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).
Segundo a prefeitura, será realizado um novo exame para confirmação definitiva, seguindo as orientações da SES-MG, órgão responsável pela vigilância e controle das doenças infecciosas no estado. Até o momento, o governo não informou o estado de saúde das crianças; elas permanecem sob acompanhamento médico.
Contexto nacional e regional
A confirmação ocorre em meio ao aumento de registros de sarampo no Brasil e nas Américas. Em 2025, o país já registrou 34 notificações da doença, com confirmações em estados como Rondônia e Tocantins. Autoridades de saúde atribuem a reintrodução do vírus à queda na cobertura vacinal nos últimos anos.
Medidas em Uberlândia
Em Uberlândia, a administração municipal informou que adotará ações emergenciais para conter a disseminação. As providências incluem o bloqueio vacinal nos ambientes de convivência das crianças infectadas, abrangendo familiares, vizinhos e profissionais de saúde, e a busca ativa de cerca de 3,6 mil crianças com vacinação em atraso.
O município mantém mais de 70 pontos de imunização em funcionamento e intensificou o apelo para que os pais atualizem a caderneta de vacinação dos filhos. A cobertura vacinal da tríplice viral em Uberlândia é de 89,41% para a primeira dose e 82,26% para a segunda, percentuais inferiores à meta de 95% fixada pelo Ministério da Saúde.
Vigilância e prevenção
A tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, é apontada como a principal medida preventiva. A Secretaria Municipal de Saúde informa que as equipes de vigilância seguem monitorando a circulação viral na cidade, especialmente por se tratar de região com alto fluxo migratório, que liga diferentes áreas do país.
Alerta do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde publicou, em outubro, um alerta a estados e municípios recomendando o reforço na vigilância e a intensificação da vacinação. O comunicado foi motivado pelo surto registrado no Tocantins, em julho, quando 25 casos foram confirmados em Campos Lindos após o retorno de brasileiros que viajaram à Bolívia e contraíram a infecção.
O governo federal também reiterou que o Brasil mantém, desde novembro de 2024, a recertificação da eliminação da circulação endêmica do sarampo, concedida pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS). Casos isolados, como os de Uberlândia, não alteram esse status, mas exigem resposta rápida para impedir a propagação.
Histórico e impacto
Antes da vacina, o sarampo figurava entre as doenças infantis mais letais, provocando mais de 2,5 milhões de mortes anuais no mundo. No Brasil, a imunização foi ampliada a partir da década de 1990, quando o país registrava centenas de óbitos por ano. Desde então, a ampliação da cobertura vacinal reduziu drasticamente os falecimentos, com as últimas mortes registradas em 2021.
O infectologista Leandro Curi considerou preocupante o aparecimento de novos casos em cidades brasileiras. Ele destacou que a queda na adesão à vacinação representa um risco real de retorno da doença e que o registro de dois casos na mesma cidade já configura motivo de alerta.
O especialista ressaltou que o sarampo está entre as doenças mais transmissíveis do mundo; manter o cartão de vacinas atualizado é fundamental. Segundo ele, toda a população pode ser acometida pelo vírus, mas as crianças pequenas correm maior risco de complicações graves, razão pela qual a vacinação é proteção individual e um dever coletivo.
Transmissão e sintomas
O sarampo é causado por um vírus altamente contagioso, transmitido por gotículas expelidas ao tossir, espirrar ou falar. Os primeiros sintomas costumam ser febre alta, tosse seca, irritação nos olhos, nariz escorrendo e mal-estar intenso, seguido pelo aparecimento de manchas vermelhas pelo corpo (exantema).
Esquema vacinal
A vacinação é a única medida eficaz para prevenir a doença. O Calendário Nacional de Vacinação prevê duas doses: a primeira aos 12 meses de idade (tríplice viral) e a segunda aos 15 meses (tetra viral). Crianças e adultos sem comprovação das doses devem procurar uma unidade de saúde.
Para pessoas entre 5 e 29 anos, são necessárias duas doses da tríplice viral, com intervalo mínimo de 30 dias. Indivíduos de 30 a 59 anos precisam comprovar pelo menos uma dose. Profissionais da saúde devem apresentar duas doses, independentemente da faixa etária.
As autoridades reforçam que a vacinação é segura e gratuita, disponível em todas as unidades básicas. A SES-MG alerta que, diante da reemergência do sarampo, é essencial que pais e responsáveis garantam a imunização das crianças e que a população adulta confira sua situação vacinal.
Com a confirmação dos primeiros casos de 2025, Minas Gerais acende novamente o alerta sobre a necessidade de manter a alta cobertura vacinal, evitando que o sarampo retome circulação sustentada no estado e no país.








