22 de junho de 2025
domingo, 22 de junho de 2025

Aumento do uso de cigarros eletrônicos

O avanço do uso de cigarros eletrônicos no Brasil: preocupações e regulamentação

Desde sua proibição pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2009, os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes ou pods, têm ganhado espaço no Brasil, especialmente entre os jovens. De acordo com pesquisas recentes, o número de usuários desses dispositivos cresceu 600% nos últimos seis anos, atingindo quase 3 milhões de brasileiros entre 18 e 64 anos. Este fenômeno preocupa autoridades de saúde, especialistas e pais, devido aos riscos associados ao seu uso.

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O funcionamento e popularidade dos cigarros eletrônicos

Cigarros eletrônicos são dispositivos que utilizam bateria para aquecer e vaporizar uma mistura líquida. Essa solução pode conter nicotina sintética, extratos de tabaco, além de aromatizantes artificiais. Segundo Mônica Andreis, psicóloga e diretora-geral da ACT Promoção da Saúde, os vapes são frequentemente comercializados como “menos prejudiciais” em comparação aos cigarros tradicionais, o que contribui para sua disseminação entre os jovens.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), conduzida pelo IBGE, revelou que um em cada seis adolescentes entre 13 e 17 anos já experimentou cigarros eletrônicos pelo menos uma vez. Além disso, outro estudo apontou que cerca de 70% dos consumidores de vapes no Brasil têm entre 15 e 24 anos, sendo este grupo etário o principal alvo da indústria, que aposta em marketing estratégico e design inovador.

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Roberto Kallil, cardiologista, enfatiza que a ausência de fumaça ou odor torna os vapes mais atraentes e discretos, especialmente para os jovens que desejam evitar o estigma associado ao tabagismo tradicional. No entanto, ele alerta sobre os efeitos nocivos dessas substâncias para a saúde cardiovascular e pulmonar.

Relatos de usuários e consequências do uso

O caso de Laura Beatriz Nascimento, que começou a usar vapes para reduzir o consumo de cigarros tradicionais, chama atenção para os riscos reais. Em vez de abandonar o tabagismo, ela acabou intensificando o uso e foi diagnosticada com câncer de pulmão. Atualmente, Laura utiliza redes sociais para alertar sobre os perigos dos cigarros eletrônicos, especialmente para os mais jovens que são influenciados por amigos ou pela propaganda de produtos.

Estudos internacionais corroboram essas preocupações. Pesquisas publicadas pela American Heart Association demonstraram que o uso de cigarros eletrônicos pode causar danos ao sistema respiratório, irritação das vias aéreas e exposição a substâncias tóxicas como metais pesados, presentes nos componentes do dispositivo.

A regulamentação e o debate sobre os cigarros eletrônicos no Brasil

Em 2022, a Anvisa reafirmou a proibição do comércio, importação e uso de cigarros eletrônicos, citando estudos que comprovam sua toxicidade e o risco de atrair crianças e adolescentes. Desde então, tem havido um intenso debate sobre o tema no Brasil. Atualmente, tramita no Senado Federal um projeto de lei que propõe a regulamentação desses dispositivos, trazendo à tona opiniões divergentes entre especialistas e defensores do uso.

De um lado, Alexandro Lucian, presidente da ONG Direta e usuário de cigarro eletrônico, argumenta que os vapes seriam uma alternativa menos prejudicial para adultos dependentes de nicotina. Por outro lado, a pneumologista Maria Vera Cruz refuta essa ideia, destacando que não há evidências científicas robustas que sustentem os benefícios dos dispositivos para cessação do tabagismo. Além disso, a especialista alerta para os perigos de normalizar o uso de produtos com nicotina, especialmente entre jovens.

O papel da sociedade e ações de conscientização

Diante do aumento do consumo de vapes, é fundamental que ações educativas sejam fortalecidas. Campanhas de conscientização sobre os riscos dos cigarros eletrônicos, como as promovidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), podem ajudar a prevenir novos usuários e reduzir os danos para os que já fazem uso.

Além disso, iniciativas comunitárias para combater o marketing direcionado a jovens, como restrições à propaganda desses dispositivos, são essenciais. Especialistas defendem que proibir embalagens atrativas e sabores como frutas ou doces pode limitar o apelo do produto para o público adolescente.

Conclusão

Os cigarros eletrônicos representam um desafio significativo para a saúde pública no Brasil. Apesar de sua proibição, o uso crescente entre jovens e adultos exige medidas mais rigorosas de controle e conscientização. Investir em educação e regulamentação clara é indispensável para prevenir os impactos negativos desses dispositivos na saúde da população.

Se você deseja saber mais sobre os riscos dos cigarros eletrônicos ou busca ajuda para abandonar o uso, consulte um profissional de saúde ou acesse programas de apoio oferecidos por instituições como o Ministério da Saúde e organizações de combate ao tabagismo.

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