30Os esforços para a vacinação enfrentam uma ameaça crescente devido à desinformação, ao aumento populacional, a crises humanitárias e à redução de recursos financeiros. Essa mensagem foi destacada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi), em ocasião da Semana Mundial de Imunização.
Surtos de doenças que podem ser prevenidas por vacina, como sarampo, meningite e febre-amarela, estão aumentando globalmente. Doenças como a difteria, que antes estavam sob controle, correm o risco de ressurgir. As agências internacionais pedem atenção política imediata e sustentada, além de investimentos para fortalecer os programas de imunização, essenciais para manter os avanços na redução da mortalidade infantil das últimas décadas.
O impacto das vacinas
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou em seu perfil na rede social X que as vacinas salvaram mais de 150 milhões de vidas nos últimos 50 anos. Ele ressaltou que a imunização possibilita uma chance 40% maior de sobrevivência para crianças que nascem hoje em comparação com há meio século. Em sua mensagem, Tedros enfatizou a importância das vacinas para a proteção não apenas de indivíduos, mas também de comunidades e economias inteiras.
A situação do sarampo
O sarampo está ressurgindo de forma alarmante, com o número de casos aumentando desde 2021. Dados da OMS mostram que em 2023, mais de 10 milhões de casos foram registrados, um crescimento de 20% em relação ao ano anterior. Essa tendência deve continuar ao longo de 2024 e 2025, com 138 países relatando novos casos e 61 enfrentando surtos significativos.
A meningite e a febre-amarela
Na África, o aumento dos casos de meningite preocupa, com mais de 5.500 casos suspeitos e cerca de 300 mortes relatadas nos primeiros três meses de 2024. Para a febre-amarela, a OMS informa que foram confirmados 124 casos em 12 países africanos, após um período de declínio significativo, e que surtos também foram identificados nas Américas, incluindo 131 casos em diferentes países como o Brasil.
Impactos do financiamento reducido
Cortes no financiamento global estão afetando as campanhas de vacinação. Levantamentos recentes da OMS revelam que quase metade dos 108 países analisados enfrenta interrupções na vacinação e no acesso a insumos. A vigilância de doenças também está comprometida em mais da metade das nações consultadas.
Crianças não vacinadas
Os dados mostram um aumento no número de crianças que não receberam vacinas de rotina. Em 2023, cerca de 14,5 milhões de crianças estavam sem a imunização adequada, superando o números de anos anteriores. Mais da metade dessas crianças reside em países enfrentando conflitos ou instabilidade, dificultando o acesso a serviços de saúde.
A diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, alertou sobre os desafios enfrentados na vacinação de crianças vulneráveis, enfatizando que a crise no financiamento limita a capacidade de imunizar contra o sarampo em áreas afetadas por conflitos. A interrupção dos serviços de vacinação em um grande número de países gera retrocessos não vistos desde a pandemia de covid-19, trazendo à tona a urgência de manter os avanços na luta contra doenças evitáveis.
