A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Espírito Santo na sexta-feira teve implicações importantes além do novo acordo do Rio Doce, que foi o motivo principal de sua visita ao estado.
Lula chegou a Linhares acompanhado de ministros como Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, André de Paula, responsável pela Pesca e Aquicultura, Márcio Macêdo da Secretaria Geral da Presidência, Rui Costa da Casa Civil, e Jorge Messias da AGU, além do governador Renato Casagrande e outras autoridades.
O principal objetivo foi dar início aos pagamentos para os impactados pelo desastre de Mariana.
Confira os principais aspectos da passagem do presidente pelo Espírito Santo:
Acordo do Rio Doce por R$ 170 bilhões
O ministro Rui Costa apresentou os detalhes da alocação dos valores do acordo, dez anos após o rompimento da barragem de Mariana, totalizando R$ 170 bilhões.
Desse valor, R$ 49,08 bilhões são de responsabilidade do governo federal, dos quais R$ 25,53 bilhões irão para Minas Gerais e R$ 14,87 bilhões para o Espírito Santo. O investimento será coordenado por 19 ministérios.
O acordo abrange 49 municípios: 38 em Minas Gerais, com população de 1.185.055, e 11 no Espírito Santo, somando uma população de 1.171.008.
Benefício de quatro anos para agricultores e pescadores
A concessão do benefício alcançará 4.793 agricultores familiares e 21.007 pescadores no estado pelo período de quatro anos. Nos três primeiros anos, o valor será de um salário mínimo e meio, e no quarto ano, de um salário mínimo.
Na cerimônia, foi apresentado o cartão da Caixa para acesso ao pagamento do acordo. O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que os pagamentos já começaram.
“Os pagamentos foram iniciados ontem, no dia 10. 22 mil pescadores artesanais e, no Espírito Santo, 21 mil. 13 mil agricultores já estão sendo beneficiados”, disse ele.
Faculdade de medicina e bicicletas elétricas
Além dos acordos, Lula anunciou a conclusão da faculdade de medicina de São Mateus, no Norte do estado, que estava prevista para ser entregue em 2026.
“Está faltando apenas convidar os deputados e senadores para meu gabinete e assinarmos, para vocês terem sua faculdade de medicina”, contou.
Lula também destacou o possível financiamento de bicicletas elétricas para entregadores de comida no país. “Muitos desses jovens não têm nem banheiro para usar e precisam carregar comida nas costas. Precisamos cuidar disso”, concluiu.
Críticas à Trump e Bolsonaro
No evento, tanto Lula quanto outras autoridades expressaram insatisfação com a decisão do presidente norte-americano Donald Trump de aplicar taxas de 50% sobre produtos brasileiros.
Em sua primeira participação pública após a tarifa, Lula criticou duramente a medida de Trump, chamando-o de “desinformado” e afirmando que o Brasil não se curvará diante de ameaças.
“Este país não se renderá a ninguém. Nenhum discurso ou bravata nos fará abaixar a cabeça, e acredito que o povo brasileiro apoiará essa postura sem aceitar provocações”, declarou o presidente.
Além disso, Lula fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, chamando-o de “covarde” e ‘coisa’.
“Aquele que planejou um golpe, mas não teve coragem de realizá-lo, está sendo processado, será julgado e ainda mandou o filho pedir ajuda a Trump. Que tipo de homem é esse?”, questionou Lula.
Lula usa boné “O Brasil é dos brasileiros”
Ao desembarcar em Linhares, Lula utilizava um boné com os dizeres “O Brasil é dos brasileiros”. Em suas redes sociais, uma foto com o acessório foi compartilhada.
Esse boné já era usado por parlamentares há alguns meses, mas ganhou destaque no contexto atual de disputa tarifária.