O caso de desrespeito à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ocorrido durante uma audiência no Senado Federal, ganhou destaque na Câmara Municipal de Vitória. Nesta quarta-feira (28), a vereadora Karla Coser (PT) utilizou a tribuna para manifestar solidariedade à ministra e condenar as atitudes dos senadores envolvidos, classificando os atos como violência política de gênero.
O episódio teve início na sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado na terça-feira (27), quando a ministra foi alvo de comentários considerados misóginos. O senador Plínio Valério (PSDB-AM) declarou que “a mulher merece respeito, a ministra, não”, levando Marina Silva a exigir um pedido de desculpas. Diante da recusa, a ministra optou por deixar a sessão. Além disso, o presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), interrompeu a fala de Marina Silva ao cortar seu microfone, afirmando que ela “deveria se pôr no seu lugar”, atitude interpretada como uma tentativa de silenciamento.
Na Câmara Municipal de Vitória, Karla Coser repudiou as ações dos senadores, destacando que tais atitudes representam um esforço para deslegitimar a presença feminina em cargos de poder. Em seu pronunciamento, a vereadora enfatizou: “Quando uma mulher escuta que deve se pôr no seu lugar e ela está em uma posição de poder, essa fala revela que quem a profere acredita que o lugar dela não é ali”.
A parlamentar também refletiu sobre a discrepância entre a representatividade feminina na política e sua proporção na sociedade. “Somos apenas três mulheres em uma câmara composta por 21 vereadores, o equivalente a 18%. No Brasil, as mulheres representam 20% na Câmara dos Deputados, mas somos 53% da população”, observou.
Karla Coser reforçou que a presença feminina no ambiente político precisa ser acompanhada de respeito, independentemente das divergências ideológicas. “Concordar ou discordar das políticas de Marina Silva é legítimo, mas desrespeitá-la enquanto mulher ou ministra é inaceitável”, afirmou.
Para concluir, a vereadora reiterou a importância de ampliar e valorizar a participação feminina na política, combatendo qualquer forma de desrespeito. “As mulheres precisam ocupar a política, e elas devem ser respeitadas nesse espaço. Nenhuma mulher merece enfrentar situações de desrespeito como essa”, finalizou.