A cerimônia de posse da nova ministra das Mulheres, Márcia Lopes, em Brasília, se transformou em um ato de solidariedade à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Este apoio se intensificou após ofensas direcionadas a Marina no Senado, um dia antes da posse.
Reação da ministra das Mulheres
Em uma coletiva após a cerimônia, Márcia Lopes expressou sua indignação com o episódio. Ela destacou as críticas à falta de defesa imediata por parte dos senadores da base governista durante a audiência que discutia a exploração de petróleo na margem equatorial do Rio Amazonas.
“Às vezes, as pessoas ficam tão chocadas com aquela atitude e não sabem o desdobramento. Mas, se eu estivesse lá, provavelmente, eu agiria. Precisamos de parceiros que se mobilizem e tenham coragem”, afirmou.
Márcia também mencionou já ter conversado com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, sobre a necessidade de uma reunião entre ministras, integrantes do governo e mulheres do parlamento para discutir posições firmes em situações como essa. Segundo ela, as presidências da Câmara e do Senado devem ser incentivadas a agir em episódios como o ocorrido.
“É inadmissível isso. Cada vez que um deputado age dessa forma, é um péssimo exemplo para a sociedade brasileira e para a juventude que se afasta da política”, completou.
Solidariedade de colegas
A ex-ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, também trouxe apoio à sua sucessora e à ministra Marina Silva. “Somos poucas na política e vítimas
constantes de ataques misóginos, como o ocorrido ontem”, disse Cida.
Manifestação de apoio
Durante a cerimônia, parlamentares e representantes de movimentos de mulheres expressaram solidariedade a Marina Silva. A deputada federal Jack Rocha (PT-ES) classificou o episódio como uma grave ofensa ao parlamento brasileiro.
“Nós, mulheres, que somos mais de 50% da população, fomos desrespeitadas. Não podemos aceitar que tais atitudes se naturalizem”, afirmou.
A Secretaria da Mulher da Câmara publicou uma nota de repúdio, considerando o tratamento dado a Marina como um “ataque brutal à democracia”. A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) reforçou que a posse de Márcia Lopes simboliza um desagravo a Marina.
“Não podemos permitir expressões misóginas que tentam relegar as mulheres a espaços determinados pelo patriarcado”, destacou.
A parlamentar Talíria Petrone (Psol-RJ) mencionou a dificuldade das mulheres em se manter na política, destacando que a ocupação masculina nos espaços de poder ainda é dominante.
A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) acrescentou que os ataques a Marina Silva vão além da administração: “Atacaram a floresta, a terra e as mulheres indígenas envolvidas na defesa ambiental.”
Julciane Inês Anzilago, do Movimento de Mulheres Camponesas, uniu-se ao coro de repúdio e ressaltou que os homens também devem ser parte na luta contra a misoginia. “É fundamental que todos repudiam a violência contra as mulheres, onde quer que elas estejam”, concluiu.