Brasil e China emitiram duas declarações conjuntas nesta terça-feira, em meio aos encontros bilaterais durante a visita brasileira a Pequim. Uma das declarações destaca a importância do diálogo entre Rússia e Ucrânia para encerrar o conflito entre os países.
A segunda declaração aborda a defesa do multilateralismo e a promoção de ações sustentáveis para mitigar os impactos das mudanças climáticas no planeta.
Durante a visita, o presidente Lula também comentou sobre a guerra na Ucrânia e fez críticas às ações de Israel na Faixa de Gaza.
“A humanidade se apequena diante das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel. Somente uma ONU reformada poderá cumprir os ideais de paz e direitos humanos consagrados em 1945”, afirmou Lula.
Declarações sobre a crise na Ucrânia
Na declaração sobre a crise ucraniana, Brasil e China acolhem a proposta do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para iniciar negociações de paz. Também reconhecem a “manifestação positiva” do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em busca de um acordo pacífico.
“Os governos do Brasil e da China esperam que seja iniciado, o mais breve possível, um diálogo direto entre as partes, única maneira de encerrar o conflito”, diz o documento, ressaltando a expectativa de que as partes possam chegar a um entendimento que possibilite negociações frutíferas.
Ambos os governos enfatizam a necessidade de encontrar uma solução política para a crise na Ucrânia, voltada para um acordo de paz duradouro e justo.
Compromisso com o multilateralismo e a sustentabilidade
A segunda declaração trata de diversos temas, incluindo a busca por paz e estabilidade no Oriente Médio, com apoio ao Plano de Recuperação, Reconstrução e Desenvolvimento de Gaza, adotado pela Liga dos Estados Árabes.
Os dois países conclamam a comunidade internacional a promover a implementação eficaz do acordo de cessar-fogo e aliviar a crise humanitária em Gaza, visando uma solução definitiva para o conflito Israel-Palestina.
Os dois países reiteram o apoio à solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel em paz e segurança, nas fronteiras de 1967, incluindo a Cisjordânia, a Faixa de Gaza, e com Jerusalém Oriental como sua capital.
Reforma da ONU e apoio à China unificada
A reforma do Conselho de Segurança da ONU é mencionada, com a necessidade de torná-la mais democrática e representativa.
”A parte chinesa reconhece o papel significativo que o Brasil desempenha em assuntos regionais e internacionais e apoia o desejo do Brasil de ter uma participação maior na ONU, inclusive no seu Conselho de Segurança”, diz o documento.
O Brasil reafirmou seu compromisso com o princípio de uma só China, reconhecendo que Taiwan é parte inseparável do território chinês e expressou apoio aos esforços da China pela reunificação pacífica, o que foi bem recebido pela parte chinesa.
Críticas ao protecionismo e foco no desenvolvimento humano
A declaração critica as guerras tarifárias e comerciais, afirmando que o protecionismo não é a resposta para os desafios atuais.
Além de promover a cooperação entre países do Sul Global, o documento destaca a importância de focar no desenvolvimento humano, com ênfase na redução da pobreza e em áreas como educação e saúde.
O texto também menciona as parcerias entre Brasil e China em projetos que envolvem cooperação financeira, saúde, infraestrutura, tecnologia e inovação, bem como energias renováveis e transição ecológica.
Por fim, Brasil e China defendem uma governança global no espaço cibernético e o combate à desinformação, visando um ciberespaço aberto, seguro e acessível, além de promoverem a cooperação entre instituições de pesquisa e empresas agrícolas para fomentar a inovação tecnológica.