O jornal britânico Financial Times sustentou que o “movimento bolsonarista está em crise” e ressaltou que a tentativa de Eduardo Bolsonaro de envolver o governo de Donald Trump para impedir a prisão do pai “fracassou espetacularmente”. O esforço de lobby do deputado nos Estados Unidos acabou motivando a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, medida que irritou o setor empresarial e não alterou decisões do Supremo Tribunal Federal.
Segundo o FT, as pressões de Eduardo junto a Washington não deram resultado e ainda deixaram o parlamentar exposto a novas acusações no Brasil. Trump chegou a suspender parte dessas tarifas neste mês, após reunião com Lula, por preocupação com o aumento dos preços dos alimentos nos Estados Unidos.
Dano à imagem do clã e colapso provocado internamente
A publicação aponta que Jair Bolsonaro enfrenta hoje tanto os processos legais que o cercam quanto os “erros cometidos” por seus filhos. O jornal descreve o ex-presidente como “abatido e solitário” no momento da prisão, em contraste com a fase em que atraía multidões e desafiava instituições.
Fontes consultadas pelo Financial Times dizem que os filhos do ex-presidente “enlouqueceram politicamente” e que a marca do clã ficou “significativamente destruída”. Um executivo do setor financeiro considerou “absolutamente repreensível” a iniciativa de Eduardo de buscar interferência externa na Justiça brasileira.
Eduardo mantém-se em um “exílio autoimposto” nos Estados Unidos, temendo voltar ao país e ser alvo de acusações por obstrução à Justiça. Flávio Bolsonaro também teria aprofundado o desgaste ao organizar uma vigília em apoio ao pai, ato que desagradou aliados de Tarcísio de Freitas em São Paulo.
Direita continua competitiva e segurança volta a ser foco central
Apesar das convulsões dentro do clã Bolsonaro, o Financial Times observa que a direita segue com força no cenário nacional. Na avaliação do jornal estrangeiro, a segurança pública tende a monopolizar o debate em 2026, assunto apontado como uma fragilidade do governo Lula. O veículo, segundo o texto, também despreza iniciativas relevantes do governo destinadas a confrontar os resultados da inteligência policial com as chacinas e a repressão defendida por governadores bolsonaristas.
O jornal diz ainda que Bolsonaro pretende indicar seu sucessor até o final do ano, decisão que deve orientar os próximos passos do campo conservador. A análise conclui que, “se a eleição fosse daqui a dois meses, Lula venceria, mas ainda falta quase um ano”.








