7 de dezembro de 2025
domingo, 7 de dezembro de 2025

Esquadrão kamikaze dos EUA utiliza drone copiado do Irã

A mais recente peça do arsenal dos Estados Unidos no teatro de operações do Oriente Médio, onde o Irã é o foco das atenções de Washington, é um drone kamikaze reproduzido a partir de um modelo iraniano.

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O Centcom (Comando Central das Forças Armadas dos EUA, na sigla em inglês), responsável pelas operações na região, informou nesta quarta-feira (3) a criação do primeiro esquadrão voltado especificamente ao emprego desse tipo de aeronave.

Drones passaram a ser prioridade nos EUA apenas em julho deste ano. Para acelerar o processo, ampliar a escala e reduzir custos, foi escolhido o modelo Lucas (acrônimo em inglês para Sistema de Ataque e Combate Não Tripulado de Baixo Custo), desenvolvido pela empresa SpektreWorks.

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“A nova força-tarefa cria as condições para usar a inovação como elemento de dissuasão”, afirmou o comandante do Centcom, almirante Brad Cooper. A unidade é chamada Força-Tarefa Ataque do Escorpião, sobre a qual praticamente nada se sabe, inclusive a quantidade de armamentos que deverá operar.

Com isso, a maior potência militar da história adota soluções de baixo custo que ganharam relevância na guerra entre Azerbaijão e Armênia em 2020 e se popularizaram ainda mais após a invasão russa da Ucrânia, dois anos depois.

O ritmo de desenvolvimento das tecnologias de drone é intenso. Atualmente, Moscou leva vantagem no campo de batalha sobre Kiev após empregar em larga escala modelos guiados por cabos de fibra óptica, imunes à interferência de bloqueadores eletrônicos.

Os EUA dominaram o campo nas décadas de 2000 com drones de reconhecimento e ataque que seguem em operação. Mas, como disse à Folha em setembro Alexei Tchadaiev, o criador do drone de fibra óptica russo, os americanos encaravam essas armas como aeronaves de combate.

Esse tratamento acarreta custos elevados e inviabiliza o conceito dos drones kamikaze, que se destinam a colidir com os alvos. A partir de uma diretriz do Departamento de Defesa em julho, esse quadro começa a mudar, e os EUA buscam alcançar rivais mais avançados, como Rússia e China, esta última testando um modelo análogo ao Shahed-136, o Loong.

O secretário do Pentágono, Pete Hegseth, anunciou na terça (2) que US$ 1 bilhão estarão disponíveis para a aquisição de pelo menos 300 mil drones e para fortalecer a indústria nos próximos dois anos.

Ironicamente, adversários no breve conflito de junho passado impulsionaram essa aceleração. O Lucas é visualmente quase idêntico ao Shahed-136, movido por um pequeno motor de hélice, embora suas especificações completas não tenham sido divulgadas.

As imagens divulgadas pelo Centcom mostram que os modelos apresentam diversos recursos: há o que parece ser um sensor óptico e um elemento semelhante a uma antena tipo Starlink. O Shahed-136 e o Gerânio-2, versão russa mais aprimorada do iraniano, empregam guiagem inercial corrigida por GPS ou sinais de celular.

O desempenho de um drone similar ao Lucas, apresentado pela fabricante, indicava alcance de 715 km e velocidade de 137 km/h, enquanto o iraniano e o russo podem atingir alvos a cerca de 2.000 km, a 185 km/h. Esses números, contudo, devem ter evoluído.

Segundo um militar ligado ao projeto que disse ao site americano The War Zone, a engenharia reversa para criar o Lucas foi realizada a partir de um Shahed-136 que caiu intacto, e ele não revelou onde (se na Ucrânia ou em Israel), ambos alvos desse modelo em 2024 e 2025.

A chave do conceito é a rapidez de produção e, como o nome indica, o custo. O mesmo militar afirmou que o Lucas tem preço semelhante ao do Shahed-136, na ordem de US$ 35 mil, embora existam estimativas que situem o valor do iraniano e de seu equivalente russo em US$ 20 mil.

É um custo muito inferior ao de mísseis de cruzeiro ou balísticos, que valem milhões; um Tomahawk americano pode custar US$ 1,3 milhão. Naturalmente, drones lentos são mais vulneráveis a serem abatidos e têm menor precisão, mas a superioridade numérica pode compensar essas limitações.

Um estudo publicado em fevereiro pelo Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) avaliou o custo-benefício dos ataques russos contra a Ucrânia entre 2022 e 2024.

O levantamento concluiu que os Gerânio-2 entregavam um alvo destruído por cerca de US$ 350 mil, considerando sua menor eficácia e preço, o número de ataques e a destruição aferida. O míssil de cruzeiro Kh-22 teve o melhor resultado econômico, alcançando o mesmo efeito por aproximadamente US$ 1 milhão.

As cifras são estimativas, mas a discrepância ilustra a lógica econômica por trás da revolução dos drones.

No caso dos EUA há uma vantagem adicional: o país fabrica os chips que serão usados no seu modelo, enquanto iranianos e russos obtêm esses componentes por meio de esquemas que contornam sanções.

Lá Fora

A novidade carrega ainda uma ironia sutil: o termo kamikaze (que em japonês significa “vento divino”) entrou no imaginário ocidental como sinônimo de ação suicida ao descrever os pilotos japoneses que lançavam seus aviões contra navios americanos no fim da Segunda Guerra Mundial, uma imagem historicamente demonizada nos EUA.

Agora, uma força kamikaze, embora sem pilotos humanos, opera em nome de Washington. Não foi divulgada sua base, mas a natureza desse tipo de missão tende a dispersar os controladores de drones e seus equipamentos. Segundo o Centcom, o Lucas poderá ser lançado inclusive a partir de navios.

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