5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

O Brasil derrota ofensiva de Trump e expõe os limites da influência dos EUA

O New York Times conclui que o Brasil contrariou Donald Trump e saiu vitorioso, apontando que a tentativa do presidente dos EUA de evitar a prisão de Jair Bolsonaro fracassou e expôs os limites da capacidade americana de intervir nos assuntos internos de outras nações.

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Segundo o repórter Jack Nicas, Trump, em julho, desencadeou uma ofensiva em múltiplas frentes para travar o avanço do processo contra Bolsonaro. Começou com uma carta dura dirigida a Lula e avançou para medidas concretas, como tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, numa manobra destinada a proteger seu aliado político.

O jornal classifica essa intervenção como “uma tentativa extraordinária” de influenciar o principal caso jurídico do Brasil em décadas, recorrendo a medidas econômicas e diplomáticas extremas para tentar bloquear o andamento do processo.

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Reações das instituições brasileiras

As instituições brasileiras, no entanto, praticamente não deram atenção à iniciativa, segundo o texto. Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão e, no sábado, foi detido após descumprir as condições do monitoramento eletrônico.

Questionado sobre a prisão, Trump limitou-se a um lacônico “Que pena”, sinalizando distanciamento do aliado que havia mobilizado a máquina do governo norte-americano em sua defesa.

Para o New York Times, esse gesto equivaleu a uma admissão de fracasso: “Trump praticamente reconheceu o fracasso”, escreve Nicas.

Efeitos econômicos e políticos

A reportagem ressalta que a ofensiva acabou produzindo o efeito oposto ao desejado: as tarifas impostas pelos EUA pressionaram preços internos de carne, café e outros produtos justamente em um momento de fragilidade econômica doméstica.

No Brasil, a postura firme de Lula — que criticou publicamente a interferência externa e reiterou a independência do Judiciário — acabou fortalecendo politicamente o governo.

Analistas citados pelo jornal afirmam que a pressão americana pode ter estimulado uma resposta mais enérgica do Supremo Tribunal Federal. Eduardo Bolsonaro, que negociou diretamente com autoridades dos EUA em defesa do pai, agora enfrenta um processo criminal.

O texto do NYT também descreve o recuo de Trump após o insucesso da ofensiva: o republicano, que antes definia a investigação contra Bolsonaro como perseguição, aproximou-se de Lula em encontros diplomáticos recentes e passou a elogiar abertamente o presidente brasileiro.

Trump chegou a declarar que Lula é “um cara muito vigoroso” e manifestou satisfação ao encontrá-lo em reuniões multilaterais.

A mudança se concretizou em decisões práticas: na última quinta-feira, Trump assinou uma ordem executiva que retirou as tarifas mais relevantes aplicadas ao Brasil, inclusive sobre carne e café, justificando a medida como parte de negociações em curso com o governo Lula.

Para o New York Times, essa guinada representa uma admissão clara da derrota diplomática; o jornal afirma que “nenhum envolvido perdeu mais” do que Bolsonaro, que não só foi condenado como também deixou de contar com a proteção de seu principal apoiador internacional e viu sua situação política e jurídica se agravar rapidamente.

Limites da influência americana

Trump, por sua vez, demonstrou que sua capacidade de pressionar governos estrangeiros é limitada — especialmente quando se trata de países dotados de instituições robustas e de um governo com legitimidade interna.

A intervenção, considerada uma das mais agressivas empreendidas por Washington em anos, “foi basicamente em vão”, conclui o texto. Em resposta às declarações recentes do ex-presidente norte-americano sobre o caso, Lula foi direto: “Trump precisa entender que somos um país soberano”.

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