5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Imprensa mundial destaca início da pena de Bolsonaro e a resiliência do Brasil

A determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ex-presidente Jair Bolsonaro inicie o cumprimento da pena de 27 anos e três meses de prisão teve ampla repercussão na imprensa internacional nesta terça-feira.

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Veículos dos Estados Unidos, da Europa, da América Latina, de Israel e da Rússia trataram o caso como um marco na responsabilização da extrema-direita, revisitando as evidências do plano golpista que tentou impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023.

As matérias ressaltaram o fracasso da conspiração, a tentativa de danificar a tornozeleira eletrônica e a resistência das instituições brasileiras diante de pressões internas e externas.

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Repercussão na imprensa europeia

O espanhol El País afirmou que chegou o momento aguardado por ativistas de esquerda e por familiares de vítimas da pandemia, apontando Bolsonaro como líder da conspiração golpista.

O jornal observou que o ex-presidente está, na prática, detido, e registrou que a Corte levou em conta sua idade e fragilidade de saúde ao decidir o local de cumprimento da pena.

A publicação descreveu o STF como um importante defensor da democracia e lembrou que Alexandre de Moraes, rotulado por bolsonaristas como “o pior inimigo”, negou a prisão domiciliar.

O periódico também destacou que, se Bolsonaro cumprisse integralmente a pena em regime fechado, só sairia quase um século depois, e argumentou que o silêncio imposto pelo processo corroeu seu capital político.

Em tom enfático, o El País afirmou que nem mesmo a intensa pressão do então presidente Donald Trump, por meio de ameaças, tarifas e sanções econômicas contra magistrados, conseguiu salvar o aliado, e concluiu que as instituições brasileiras mostraram notável resiliência diante das investidas do político mais poderoso do mundo.

Visão de outros jornais europeus

Na França, o Le Monde noticiou que Bolsonaro começou a cumprir a pena, tornando sua condenação definitiva após o esgotamento dos recursos; a France24 reforçou que as vias de defesa do ex-presidente se esgotaram.

O britânico The Guardian destacou que o ex-presidente, classificado como populista de extrema-direita, ficará em um quarto de 12 metros quadrados e afirmou que o plano golpista previa até o assassinato de Lula e de seu vice, Geraldo Alckmin.

O jornal também registrou que a prisão provocou celebração entre setores progressistas brasileiros, lembrando um governo marcado por destruição ambiental e hostilidade a minorias.

Cobertura dos Estados Unidos

O The New York Times informou que o STF ordenou o início do cumprimento da pena de prisão de Bolsonaro por conspiração para permanecer no poder após a derrota eleitoral, definindo o plano como uma tentativa fracassada de continuidade no comando do país.

A reportagem retomou elementos centrais do esquema, citando a intenção de dissolver o STF e de assassinar Lula e Alexandre de Moraes.

O periódico registrou que a defesa atribuiu o estado de saúde do ex-presidente a complicações decorrentes do ataque sofrido em 2018, mencionando episódios recorrentes de soluços e vômitos.

Em artigo, o correspondente Jack Nicas afirmou que o então presidente Trump tentou impedir a prisão de Bolsonaro, mas não obteve êxito, e que, após uma reaproximação diplomática entre Washington e Brasília, o republicano diminuiu o interesse direto no caso.

A Bloomberg retomou o apelido “Trump dos Trópicos” ao tratar de Bolsonaro e lembrou que, após a derrota, ele buscou apoio no exterior, embora o interesse de Trump pareça ter diminuído.

A CNN International realçou a solidez institucional brasileira, afirmando que Bolsonaro testou a democracia e que a Suprema Corte interveio, qualificando a detenção preventiva como uma das respostas mais extraordinárias que uma democracia pode adotar contra um ex-líder.

Perspectiva latino-americana e regional

Na América Latina, a cobertura enfatizou o enfraquecimento político e o quadro de saúde de Bolsonaro: o Clarín mencionou que ele tem saúde debilitada, crises de ansiedade, soluços e vômitos, e destacou a tentativa de danificar a tornozeleira eletrônica.

O jornal argentino relatou que Bolsonaro negou que a ação contra a tornozeleira, realizada com um ferro de solda improvisado, tivesse intenção de fuga, atribuindo o episódio a paranoia e a alucinações provocadas por medicamentos.

A imprensa argentina também ressaltou que o ex-presidente se tornou um dos maiores símbolos internacionais da extrema-direita em declínio.

O canal RT Notícias, da Rússia, reproduziu o relato policial, informou que Bolsonaro permanece preso após tentar danificar a tornozeleira com um ferro de solda e que a medida cautelar foi mantida pela Polícia Federal devido ao risco de fuga.

A cobertura regional também destacou os desdobramentos entre militares envolvidos na trama, apontando que vários generais condenados iniciaram o cumprimento da pena em instalações militares.

Os veículos latino-americanos sublinharam o fim de uma rotina de impunidade e a exposição de conexões operacionais entre o bolsonarismo e setores da alta hierarquia militar.

Reações em outras partes do mundo

O Times of Israel afirmou que a condenação poderá desencadear uma semana tensa e agitada, citando o senador Flávio Bolsonaro, que promete seguir pressionando pela aprovação de um projeto de anistia, embora o jornal observe que a iniciativa perdeu força nos últimos meses.

Segundo a publicação, o tema deve retornar ao debate ao longo de 2026, com o bolsonarismo tentando capitalizar politicamente a prisão do ex-presidente.

A Deutsche Welle classificou a decisão como histórica e relacionou o episódio ao ataque de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes depredaram a Praça dos Três Poderes numa tentativa de reverter o resultado das eleições de 2022, estabelecendo um vínculo direto entre o bolsonarismo e a violência política.

Agências internacionais como EFE e Reuters também repercutiram o caso, com a agência britânica relatando que o STF concluiu o processo e abriu caminho para o início do cumprimento da sentença, reforçando a percepção de que o Brasil encerrou um dos episódios mais graves de sua história institucional recente.

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