4 de dezembro de 2025
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Ansiedade e sono irregular agravam o zumbido no ouvido

Algumas sensações são difíceis de definir e ainda mais de administrar. O zumbido no ouvido é um exemplo: um ruído que, para muitas pessoas, surge sem motivo claro, mas está relacionado a uma combinação intrincada de elementos físicos e emocionais, como tensão, noites mal dormidas e nervosismo. Mais do que uma simples irritação, pode ser um sinal do organismo pedindo atenção redobrada à saúde.

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Geralmente descrito como assobio, tinido ou batida rítmica, o zumbido funciona como um indicativo de algo maior, não uma enfermidade por si só. Diversas condições podem estar por trás desse fenômeno.

Segundo Ítalo Roberto Torres de Medeiros, médico do ambulatório de otoneurologia do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), a origem mais comum do zumbido crônico subjetivo — aquele percebido apenas pelo paciente — está em alterações na estrutura auditiva.

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O especialista em TRT (Terapia de Retreinamento do Zumbido) e integrante do grupo de estudos sobre zumbido do HC ressalta a natureza multifatorial do sintoma. Componentes metabólicos, emocionais, processos cognitivos, padrões de repouso e até estímulos somatossensoriais — provenientes dos músculos e articulações cervicais — contribuem para a percepção do ruído auditivo.

Zumbido, nervosismo e distúrbios do repouso

A conexão entre equilíbrio mental e a forma como o zumbido é percebido é evidente. A maneira como a pessoa interpreta, suporta e reage ao som está profundamente ligada ao seu equilíbrio psicológico.

Embora frequentemente exista uma base orgânica, fatores mentais e emocionais influenciam muito a experiência do zumbido. Ansiedade e privação de sono intensificam tanto a percepção quanto a dificuldade de conviver com o sintoma. Paradoxalmente, o próprio zumbido pode aumentar a ansiedade e prejudicar o descanso noturno.

“No caso do zumbido, ocorre uma hiperatividade na via auditiva. É como se esse caminho estivesse excessivamente sensível, propenso a disparos elétricos desregulados. Tanto a ansiedade quanto o sono possuem grande impacto nesse processo”, explica Medeiros.

“O repouso noturno interfere diretamente no estado psicológico, na concentração e no nível de alerta. Quando há privação de sono, a pessoa acorda mais exausta, tensa e, muitas vezes, hiperfocada na tentativa de compensar o cansaço. Esse quadro já piora por si só a percepção do zumbido”, complementa.

Para o especialista, a ansiedade tem papel crucial: amplia a consciência do sintoma e dificulta seu manejo. Além disso, o estado ansioso prejudica o sono, enquanto o zumbido pode alimentar ainda mais ansiedade, criando um círculo difícil de romper.

“Trata-se de uma relação triangular entre zumbido, repouso e ansiedade. Nossa experiência clínica mostra que a ansiedade tem peso maior sobre a insônia e o zumbido do que o inverso. Existe uma ligação profunda entre esses três elementos”, afirma ele.

Há possibilidade de cura?

Embora muitos acreditem que o zumbido seja irreversível, essa ideia merece ser revista. O médico afirma que a remissão completa do sintoma é possível. Ele já acompanhou casos de melhora total com diversas estratégias, incluindo medicação, terapia sonora e intervenções fisioterapêuticas.

Apesar de a cura definitiva ser menos comum, a maioria dos pacientes (mais de 80%) apresenta redução na intensidade do ruído, o que diminui significativamente o desconforto.

É fundamental entender que qualquer zumbido persistente exige atenção. A permanência do som requer avaliação especializada com um otorrinolaringologista.

Em alguns casos, o zumbido pode indicar problemas mais sérios, especialmente quando unilateral — situação que pode estar associada a perda auditiva em um ouvido, compressão vascular no nervo auditivo ou até tumores benignos.

Abordagem multidisciplinar

Diante de um sintoma com tantas facetas, o tratamento do zumbido exige uma visão ampla. O processo começa com avaliação minuciosa, envolvendo testes auditivos (convencionais e de alta frequência), análises metabólicas, avaliação musculoesquelética, investigação da qualidade do sono, saúde emocional e entendimento do paciente sobre sua condição.

Entre as principais estratégias de tratamento destacam-se:

  • Medicação: pode aliviar condições associadas ao zumbido;
  • Fisioterapia: indicada quando há componente somatossensorial;
  • Neuromodulação: técnicas que regulam a atividade auditiva por estímulos elétricos ou magnéticos;
  • Terapia sonora: aparelhos auditivos beneficiam pacientes com deficiência auditiva;
  • Procedimentos cirúrgicos: opção para determinados tipos de perda auditiva ou doenças otológicas;
  • Ajuste metabólico e hábitos saudáveis: fundamentais para a qualidade de vida.

O sucesso do tratamento depende da atuação conjunta de profissionais de áreas diversas, com o otorrinolaringologista coordenando o processo.

Fisioterapeutas, psiquiatras, psicólogos, endocrinologistas, nutricionistas e dentistas, entre outros, colaboram no acompanhamento, especialmente quando existem fatores que afetam o equilíbrio emocional do paciente.

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