Muitas pessoas já tentaram começar a meditar sozinhas, mas acabaram se perdendo em pensamentos, resultando em ansiedade e frustração. Embora o senso comum defina a meditação como simplesmente sentar em silêncio e esvaziar a mente, a prática vai muito além disso. Meditar não é apenas um verbo, mas um estado de pura percepção e presença.
Para quem nunca experimentou, a meditação oferece diversos benefícios para a saúde física, emocional e mental, além de melhorar as relações interpessoais. No entanto, o cultivo e o acompanhamento profissional são essenciais para aproveitar esses benefícios.
Como flores num jardim
Laura Torrezan, psicanalista e facilitadora de meditação integrativa, compara a meditação ao cultivo de um jardim. O mestre indiano Sadhguru ensina que, para ter flores, é preciso preparar o solo, escolher as sementes e regá-las regularmente. Da mesma forma, a meditação exige prática e disciplina para alcançar seus resultados.
No Ocidente, onde a sociedade valoriza metas e resultados rápidos, muitas pessoas buscam os benefícios da meditação sem se comprometer com o processo. Querem paz, equilíbrio e produtividade, mas desistem quando percebem que é necessário cultivar a prática diariamente.
Meditar não é algo que se faz, mas um estado mental que surge quando estamos profundamente presentes, sem resistência ou julgamentos. A verdadeira meditação é consequência dessa presença.
“Para alcançar esse estado, técnicas como respiração, mantras e posturas físicas podem ajudar, mas não são a meditação em si. Elas preparam a mente para a prática.”
Prazer, constância e transformação
Existem diversas formas de meditação, como Vipassana, Raja Yoga e atenção plena. O primeiro passo é encontrar uma prática que traga prazer e satisfação. Quando a atividade é agradável, fica mais fácil transformá-la em um hábito.
A regularidade é essencial, assim como na prática de exercícios físicos. Embora os benefícios sejam percebidos rapidamente, apenas uma sessão não é suficiente. A transformação real exige comprometimento diário.
“A regularidade ajuda a lidar melhor com as emoções e situações do dia a dia, tornando a meditação uma ferramenta duradoura.”
Frustração faz parte
É comum sentir frustração quando os resultados esperados não surgem imediatamente. A meditação ensina a lidar com expectativas e aceitar que nem sempre é possível controlar o que acontece durante a prática.
A orientação profissional é fundamental, especialmente para iniciantes, pois ajuda a navegar essas dificuldades e evita desistências prematuras. Assim como na terapia, a meditação coloca as pessoas diante de si mesmas, exigindo apoio para superar os obstáculos.
“O aprendizado da meditação transcende a teoria e se torna sabedoria na prática. A troca de experiências com facilitadores torna o caminho mais leve.”
Meditar não é simplesmente sentar
A meditação pode ocorrer em diversos momentos do dia, não apenas sentado em silêncio. Estar presente em qualquer atividade – como cozinhar, tomar banho ou ouvir música – já é uma forma de meditar.
A principal dica é manter a consciência plena, independentemente da tarefa. O estado meditativo surge quando a mente está totalmente envolvida no que se faz, sem distrações.
“Se você gosta de música, medite ouvindo uma canção inteira, sentindo cada nota. Se prefere cozinhar, concentre-se nos aromas e sabores.”
As belezas da vida
Thich Nhat Hanh, monge que popularizou o mindfulness no Ocidente, ensina que meditar é perceber a beleza em tudo. Pequenas ações, como preparar uma refeição ou tomar banho com atenção, podem se tornar práticas meditativas.
Estar presente é um ato de amor, pois permite oferecer atenção plena a si mesmo e aos outros. Mesmo atividades físicas, como corrida ou ioga, tornam-se meditativas quando praticadas com total consciência.
Para quem deseja começar, algumas dicas podem facilitar o processo:
- Busque orientação profissional para criar uma rotina personalizada;
- Reflita sobre o nível de comprometimento possível;
- Valorize mais a qualidade do que a quantidade de tempo dedicado;
- Mantenha regularidade para consolidar o hábito;
- Crie um espaço convidativo para a prática;
- Simplifique a abordagem, sem complicações desnecessárias;
- Comece com técnicas básicas de respiração e relaxamento;
- Escolha práticas que tragam prazer;
- Aceite as frustrações como parte do aprendizado.








