O esquecimento pode ser um sinal de problemas de saúde que precisam ser investigados, desde depressão até doenças mais graves como o Alzheimer. É fundamental diferenciar essa doença de outras formas de demência, um questionamento frequente nos consultórios médicos.
A demência é um quadro clínico que surge como resultado de diversas patologias cerebrais que se desenvolvem ao longo de décadas, causando danos progressivos aos neurônios.
O “burnout” do sistema de limpeza cerebral
O sistema nervoso luta constantemente contra processos inflamatórios desencadeados por fatores como sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool, hipertensão não controlada e níveis elevados de colesterol.
Esses fatores sobrecarregam gradativamente os mecanismos de limpeza do cérebro, que em determinado momento deixam de funcionar adequadamente. Essa fadiga do sistema permite o acúmulo de resíduos que comprometem o ambiente neural, tornando-o cada vez mais desfavorável.
Esse processo neurodegenerativo gradual é o que leva ao desenvolvimento do Alzheimer. Os primeiros sinais da doença aparecem cerca de 20 a 30 anos após o início das alterações cerebrais.
A neuroinflamação tem início na meia-idade, embora suas causas específicas ainda não sejam totalmente compreendidas. Atualmente, já é possível identificar marcadores desse processo inflamatório através de exames de sangue.
Quando a casa cai
As células gliais, que incluem os astrócitos e a micróglia, desempenham papéis cruciais na manutenção e proteção do tecido cerebral. Os astrócitos são essenciais para a comunicação entre neurônios, enquanto a micróglia atua como um sistema de defesa.
Com o tempo, essas células perdem gradativamente sua capacidade de limpeza, permitindo o acúmulo de proteínas como a beta-amiloide. Essas estruturas acabam por prejudicar as sinapses e, consequentemente, a comunicação neuronal.
À medida que as placas amiloides se acumulam, elas começam a afetar os microtúbulos neuronais, compostos pela proteína tau. As alterações nessa estrutura levam a danos celulares irreversíveis e, eventualmente, à morte dos neurônios.
A propagação da proteína tau alterada entre os neurônios acelera o processo de degeneração cerebral. O resultado final é a atrofia cerebral e o desenvolvimento de quadros demenciais.
Vale destacar que mais da metade dos casos de demência podem ser prevenidos com medidas adequadas. O entendimento desses processos é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de prevenção eficazes.








