O mercado brasileiro apresenta sinais de melhora, mas ainda enfrenta altos riscos que exigem atenção cautelosa, segundo analistas da XP Investimentos em relatório recente. A recuperação econômica é percebida, embora os desafios persistam.
Crescimento e Projeções Econômicas
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,4% no último ano, mas os dados do quarto trimestre indicam um desaceleramento. A expectativa da XP para o PIB deste ano permanece em 2,0%, e a projeção para 2026, atualmente em 1,0%, poderá ser revisada dependendo dos desdobramentos da economia global e local. O mercado de trabalho continua forte, sustentando o consumo, mas a inflação é uma preocupação constante.
Revisões da Inflacão e Taxa de Juros
A XP ajustou levemente para baixo a previsão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2025, de 6,1% para 6,0%, influenciada pela valorização do real e pela política monetária restritiva. Para 2026, a projeção de inflação se mantém em 4,5%, num cenário de juros ainda elevados, com a taxa Selic estimada em 15,50% até junho, podendo haver ajustes dependendo dos índices de inflação.
Câmbio e Valorização do Real
O câmbio mostrou melhorias em fevereiro, e a previsão para o dólar foi revisada para R$ 6,00, abaixo da projeção anterior de R$ 6,20. Para 2026, a expectativa caiu de R$ 6,40 para R$ 6,20. Apesar da recente valorização do real, a análise da XP indica que a percepção de risco continua a dificultar um fortalecimento mais acentuado da moeda, devido à instabilidade no ambiente internacional e questões fiscais e políticas internas.
Cenário Fiscal e Desafios Políticos
No cenário fiscal, a corretora acredita que o governo terá condições de cumprir a meta de resultado primário este ano, embora ajustes sejam necessários para manter a trajetória de despesas sob controle. Para 2026, a meta de superávit de 0,25% do PIB deverá ser mantida, mesmo com dificuldades na arrecadação e os riscos associados ao processo eleitoral.
Influências Externas e Commodities
A situação internacional continua a impactar o Brasil, com sinais de desaceleração na economia dos EUA. Isso pode afastar novas altas de juros pelo Federal Reserve, beneficiando mercados emergentes. Contudo, a instabilidade geopolítica e as flutuações no preço das commodities, essenciais para a balança comercial brasileira, geram incertezas adicionais.
Movimentações Políticas e Questões Governamentais
Em março, questões políticas, como a discussão sobre emendas parlamentares e reformas ministeriais, estão em pauta e podem afetar a tramitação de propostas governamentais, incluindo a reforma do imposto de renda e medidas para estimular o crédito ao consumidor. Embora medidas iniciais já tenham sido anunciadas, a persistência de índices elevados pode reabrir debates internos sobre políticas de estímulo.
Déficit e Mercado de Trabalho
O Banco Central revisou o déficit em conta corrente para US$ 61,2 bilhões em 2024, representando 3,0% do PIB. Apesar de um financiamento mais restrito, a situação das contas externas é considerada administrável, com reservas bastante elevadas. No mercado de trabalho, surgem indícios positivos, embora isso possa pressionar custos e impactar a inflação.
Perspectivas da Inflação
O IPCA-15 de fevereiro ficou aquém das expectativas, refletindo quedas em itens voláteis. Contudo, os núcleos da inflação continuam altos. A XP revisou sua projeção para a inflação de bens industrializados em 2025, de 5,1% para 4,8%. A evolução das tarifas e a política de combustíveis também deverão influenciar a inflação ao longo do ano, com expectativas de estabilização nos preços.
Para alimentos, a XP ajustou a previsão de inflação de 9,2% para 8,6% em 2025, beneficiada pelo câmbio mais forte e pela oferta adequada. A projeção para o IPCA de 2026 permanece em 4,5%, refletindo a atuação da política monetária e a normalização dos preços de alimentos e câmbio.