quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Produção de mel no Espírito Santo cresce 13,46% e produto chega a 26 países

A apicultura é hoje considerada uma das grandes opções de aumento de renda para a agricultura familiar no Espírito Santo. A produção de mel em 2022 foi de 804.348 quilos, um aumento de 13,46% em relação ao mesmo período do ano passado. O Valor Bruto da Produção de mel no último ano no Estado chegou a 12,2 milhões.

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O município de Fundão se destaca como maior produtor, com 90 toneladas (11,19%), seguido por Marechal Floriano, com 80 toneladas (9,95%), e Aracruz, com 78,1 toneladas (9,71%).

Há também uma pequena parcela da produção capixaba que vai para a exportação. No ano passado, foram exportados 920 quilos do mel capixaba para 18 países, que somou US$ 9.196 mil de valor para o Estado. Já nos primeiros oito meses de 2023, foram exportados 752 quilos de mel, 20,5% superior que o mesmo período do ano passado, gerando US$ 8.133 mil, um crescimento de 35%.

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Este ano, o mel chegou em 26 países. Os principais importadores são as Ilhas Marshal (24%), Hong Kong (16%), Panamá (14%) e Cingapura (11), segundo a Gerência de Dados e Análises da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (GDN/Seag), a partir de dados originais do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro/Ministério da Agricultura e Pecuária (Agrostat/Mapa) e do Estatística de Comércio Exterior/Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços · (Comexstat/MDCI).

“Uma atividade que tem um papel socioeconômico importante pelo potencial de geração de trabalho e renda que apresenta para os pequenos produtores rurais do Estado. O Espírito Santo conta com 888 estabelecimentos rurais com apicultura, sendo 80% desses estabelecimentos da agricultura familiar. Vamos continuar disponibilizando capacitações e alternativas produtivas com estímulo a novas tecnologias para otimizar a produção de mel no Estado”, pontuou o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli.

Há três anos, a produção de abelhas deixou de ser um trabalho de finais de semana e feriados para o comerciante Juliano Abelha e a esposa técnica de enfermagem, Kátia dos Santos. Diante do crescimento desse mercado aqui no Espírito Santo, ele conta que decidiram viver somente da apicultura. Hoje, o casal trabalha com alta produtividade no seu meliponário.

“Estamos construindo uma agroindústria para beneficiamento dos nossos produtos com certificação Estadual pelo Idaf. Trabalhamos com abelha europeia africanizada Apis melífera, abelhas sem ferrão uruçu amarela, mandaçaia, jataí e mirim. Produzimos mel no favo, mel puro, extrato de própolis, cera de abelha, pólen e enxames. Comercializamos os nossos produtos presencialmente ou pela internet para clientes e empresas de exportação”, comentou Juliano Abelha.

As abelhas são responsáveis por 70% da polinização das culturas agrícolas. Das 245 espécies de abelhas sem ferrão que ocorrem no Brasil, 39 já estão produzindo mel em terras capixabas, sendo que pelo menos 11 dessas espécies podem ser criadas de forma zootécnica. O Espírito Santo também conta com possibilidades diferentes de produção de mel em diferentes floradas, ou tipo de flores, entre elas, camará, eucalipto, café, aroeira ou pimenta-rosa, pitanga, cambucá, citrus, muringa, assa-peixe, entre outras.

No Estado, a espécie mais comum na apicultura é a Apis mellifera, a abelha europeia. Existem diferentes raças de abelhas dessa espécie, cada uma com suas características de produção de mel. O Estado é conhecido por produzir mel multifloral, o que significa que as abelhas coletam néctar de várias espécies de flores. Isso confere ao mel uma variedade de sabores e aromas, dependendo das plantas da região.

“Se unirmos as diferentes floradas e espécies de abelhas no Estado, é possível perceber que existe um potencial extraordinário para a criação de abelhas. Essa riqueza nos permite, tanto na apicultura quanto na meliponicultura, fazermos uma apicultura migratória, ou seja, de pequenas distâncias, aproveitando todas as floradas”, salientou o extensionista do Incaper, Alex Fabian Rabelo Teixeira.

O extensionista reforçou que, atualmente, o Estado conta com uma forte câmara técnica que reúne profissionais da Secretaria da Agricultura, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), entre outros setores envolvidos e que se dedicam para construir políticas públicas voltadas à apicultura e meliponicultura do Espírito Santo.

Apicultura e meliponicultora

Existem duas classificações diferentes para a atividade de produção de abelhas e seus derivados. O nome Apicultura é atribuído à criação de abelhas com ferrão, espécies do gênero Apis para fins de produção de mel, pólen apícola, própolis, cera de abelhas, geleia real e apitoxina ou para serviços de polinização. A meliponicultura é a atividade de criação de espécies de abelhas sem ferrão, também conhecidas como abelhas indígenas, abelhas nativas ou meliponíneos.

Apicultura

Sabe-se que as abelhas existem há pelo menos 42 milhões de anos e que os primeiros registros da apicultura são de 2.400 a.C, quando os egípcios colocavam as abelhas em potes de barro. No Brasil, as abelhas com ferrão foram introduzidas pelos padres jesuítas que vieram da Europa para catequizar os índios. Foi pelas mãos do Padre Antônio Pinto Carneiro que o primeiro lote de abelhas foi importado da Europa, em 1839, para a criação racional, mas foram abandonadas depois de certo tempo, voltando à vida selvagem.

Ao longo dos anos, muita coisa aconteceu e, na década de 1980, houve no Brasil a “explosão doce”, uma superprodução que o fez saltar de 27º para 7º produtor mundial de mel. Atualmente, o Brasil se posiciona em décimo primeiro na produção de mel, com cerca de 42 mil toneladas, atrás da China em primeiro lugar e da Turquia. No mundo inteiro, são produzidas 1.850.868 toneladas por ano, segundo relatórios de 2021 pela Food and Agriculture Organization (FAO).

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